PÁG. 12
10 A 23 DE JULHO DE 2017 | CARTA DA INDÚSTRIA
E
ENTREVISTA
CARTA DA INDÚSTRIA –
Quais são as tecnologias que
terão mais impacto para as empresas?
ANDRÉ MICELI –
Existe um estudo da consultoria PwC,
com o qual eu concordo, que aponta oito tecnologias
principais. São estas: a realidade aumentada, internet
das coisas (IoT), robotização, impressão 3D, realidade
virtual, inteligência artificial,
block chain
e drones. Eu
acrescentaria mais uma, que é o
big data
. O fato de
todas essas tecnologias gerarem muitos registros exige
que exista um instrumento que faça a consulta desses
dados e, a partir dessa consulta, se gerarem
insights
e
conclusões para negócios.
CI –
Quais são as aplicações possíveis dessas
tecnologias?
AM –
De maneira geral, vemos algumas dessas
aplicações ainda em estágio experimental. No que diz
respeito à realidade virtual e realidade aumentada, são
feitos muitos testes na indústria do entretenimento.
Não temos no Brasil ainda algo muito consistente no
que diz respeito ao modelo de negócios. Os
block
chains
, que são os sistemas que garantem segurança
de transações com moedas virtuais, dão muita
transparência aos processos e irão mudar paradigmas
no que se refere à formalização das relações de
negócio. Já a Internet das Coisas, que envolve
equipamentos ligados entre si num ambiente máquina
a máquina, irá transformar nosso cotidiano com objetos
inteligentes, como os carros autônomos.
CI –
Essas tecnologias têm potencial para aumentar a
produtividade da indústria?
Divulgação/FGV
A inovação é primordial ao
desenvolvimento de novos produtos,
processos e serviços para o setor industrial.
Em entrevista à Carta da Indústria,
André Miceli
, professor da Fundação
Getulio Vargas (FGV), fala sobre as
tecnologias que terão maior impacto
para as empresas nos próximos anos e
como podem ser absorvidas por elas. Ele
palestrou no evento rio.Futuro, patrocinado
pelo Sistema FIRJAN, em maio.
TECNOLOGIAS DE IMPACTO
PARA AS EMPRESAS
AM –
Sim. Há um enorme benefício em termos de
produtividade, principalmente com a robotização.
Outros modelos de negócio vão surgir, impactando
mercados que vão desde os serviços financeiros
aos de energia. Todos os setores terão que se
voltar para a experiência completa, e isso será um
diferencial importante; a indústria precisa se preparar.
Alguns produtos vão sumir, porque não serão mais
necessários. Vamos assistir o celular se fragmentando,
por exemplo. Haverá outros
gadgets
que vão fazer as
funções do celular.
CI –
Haverá redução de custos para que essas
tecnologias possam ser absorvidas pelas indústrias?
AM –
No longo prazo podemos afirmar duas coisas
sobre qualquer tecnologia: seus custos irão cair e ela
será descontinuada e substituída por outra. Algumas
curvas são maiores, mas todas caminham para a
obsolescência. Uma coisa que as empresas precisam
fazer é medir o retorno sobre o investimento e
tentar pouco a pouco a absorção dessas inovações.
Hoje, experimentar é muito fácil. Todo negócio é
baseado em hipóteses, por isso é importante testar
protótipos. O mercado dará os
feedbacks
para que um
empreendimento evolua, e isso garante a minimização
de eventuais prejuízos. Se der tudo errado, o
empreendedor gastou o mínimo necessário. Se der
certo, ele cresce na direção que o mercado deseja.
É preciso tomar muito cuidado, porque a tecnologia
é sedutora e pode nos levar a assumir riscos que,
quando não são bem-sucedidos, nos faz creditar o
problema à inovação.