Despeço
Gustavo Torres
e Felipe Norkus
Em Despeço, utilizamos material imagético e
sonoro anterior a nós, concebidos com outros
significados, para outra finalidade. Projetamos
loops de memória em super 8, fruto de filmagens
caseiras descartadas e adquiridas em feiras,
ordenadas e articuladas de acordo com as próprias
aproximações naturalizadas.
As filmagens são postas à vista para serem
lembradas. Cada retorno do loop constitui uma
nova camada de uma lembrança não vivida, ou o
engatilhar de um dispositivo de lembrança íntima
ativado pela memória alheia.
Os loops são dessincronizados, portanto a imagem
completaésemprediferente,mesmoquecomposta
12/07
A partir
das 19h
Cultura
Digital
pelos mesmos fragmentos. A cada repetição, a
diferença. Mas esse material é evidenciado como
um elogio ao esquecimento num processo natural.
No percurso da performance, esses loops, pedaços
relativamente curtos de película super 8, encontram
seu fim material: queimam num contato histérico
(por atenção) com o calor da lâmpada (a luz que
garante sua projeção).
O funcionamento do projetor, aquele que nos
faz ver as imagens em movimento, é a matéria
prima do som. Utilizando microfones de contato,
captamos o som do funcionamento de cada
projetor, do percurso feito pela película em seu
interior, e o processamos em unidades de efeito,
em tempo real. O som dos projetores evidenciado
e modelado, assim como nossa presença e do
aparato técnico necessário, está para contradizer
qualquer resquício de factual impregnado pelo
lembrar; está para revelar o caráter construtivo de
cada lembrança e da memória.”
Terra Incógnita
Leandra Lambert e
Alexandre Mandarino
“Narrativas do desconhecido quebradas a cada esquina. A voz das esquinas quando entram
em loop e os loops dobram as esquinas da voz. A praia embaixo da calçada sob a floresta
sob o oceano. O lugar que sempre escapa e a risada no final.”
Leandra e Alexandre realizam composições eletrônicas experimentais que estabelecem
relações com outros elementos, tais como: a edição e organização de vestígios sonoros
de performances; escritas, desenhos, fotografias e pinturas agindo como geradoras de
som, interpretadas como frequências audíveis; e improvisos vocais editados e processados,
que se aproximam da text-sound composition e da poesia sonora. Som, texto, imagem e
sentidos em mutação.
Ambos experimentam com a música eletrônica desde os anos 90. Alexandre levou seu
projeto independente Chip Totec até meados dos 00s. Leandra criou os projetos Voz del
Fuego (anos 00) e Inhumanoids! (anos 90) e fez parte do Dziga Vertov, Luna Chip, Mulher
Espacial e do Skygirls de Rogerio Skylab. Já participou de vários CDs e se apresentou em
lugares e eventos como: I Festival de Cultura Digital, Electro from Hell e Dorkbot no Circo
Voador, Motomix Art Music no Espaço das Américas, FILE Hipersônica SP, D-Edge, Parque
Lage, Fundição Progresso, Odeon, Odisséia, Plano B Lapa e Cinematèque, entre outros.
Em 2009 os dois começaram a trabalhar juntos, em arte sonora e música: As Três Torres
foram apresentadas no evento Arte Sonora, no Parque Lage e agora estão no catálogo do
selo multimídia TAL. ADA jpg > ADA wav foi selecionado para a exposição internacional
Celebrando Ada, da galeria virtual blanktape e uma versão de Kiss Kiss Kiss, de Yoko Ono,
entrou para o CD Mrs. Lennon em 2010. Cortina de Ruínas recebeu o primeiro lugar no III
Concurso Latino-Americano de Composição Eletro-Acústica Gustavo Becerra-Schmidt em
2012, no Chile, na categoria eletrônica-experimental.
Leandra Lambert também é artista e realiza experiências sônicas, visuais, textuais e
performáticas. Doutoranda em Artes pela UERJ e representada pelo TAL - Tech Art Lab.
Alexandre Mandarino é escritor, com trabalhos publicados em antologias. É tradutor e
editor da revista online bilíngue Hyperpulp, publicação independente de literatura e arte.
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