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22 DE FEVEREIRO A 6 DE MARÇO DE 2016 | CARTA DA INDÚSTRIA
A Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel) está revendo os
procedimentos das distribuidoras
necessários para se aprimorar a
qualidade da energia. O Sistema
FIRJAN tem alertado sobre a
necessidade de melhoria da
qualidade do fornecimento da
energia e a ação da Aneel pode
ser considerada como um grande
avanço nesse sentido. O Instituto
SENAI de Tecnologia (IST) Ambiental,
representado pelo chefe de
Tecnologia de Gestão Ambiental Luiz
Eduardo São Thiago, apresentou
palestra com contribuição da
FIRJAN sobre o tema, em simpósio
coordenado pela Aneel.
De acordo com o especialista, a
atualização trará benefícios para
a indústria, que hoje encontra
dificuldades em comprovar
problemas na distribuição da energia.
“Um dos pontos mais relevantes
para o setor industrial é a adequação
dos indicadores de qualidade com
definição de seus limites, de forma
a identificar a responsabilidade
entre a distribuidora e os acessantes
e definir os responsáveis quando
da ocorrência de problemas de
qualidade da energia elétrica”, afirmou.
A nova proposta prevê ainda o
estabelecimento de campanhas
de medição da qualidade baseadas
em amostragens, a fim estabelecer
ações para melhoria da qualidade
da energia elétrica. Segundo a nota
técnica “Considerações sobre estudo
para revisão do Procedimento de
Distribuição”, elaborada pelo IST
Ambiental, apesar de trazer melhorias,
a alteração poderia acarretar
aumento dos gastos para a indústria.
“Toda nova obrigação requer mais
custos. Quando a distribuidora
ANEEL REVISA REGULAMENTAÇÃO REFERENTE À
QUALIDADE DA ENERGIA FORNECIDA À INDÚSTRIA
A revisão abre a possibilidade de estabelecer indicadores de qualidade de energia
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G
GERAL
passa a ter esse ônus, com aplicação
de novas metodologias de medição,
essa despesa pode ser repassada
ao consumidor final. Entretanto, é
importante avaliar o balanço entre os
benefícios e o ônus da revisão dos
Procedimentos de Distribuição de
Energia Elétrica no Sistema Elétrico
Nacional (Prodist) para o setor
industrial”, alertou São Thiago.
DEMANDA DA INDÚSTRIA
De acordo com ele, a proposta em
estudo pela Aneel vai ao encontro
de uma importante demanda do
setor industrial. “O fornecimento
ruim de energia traz prejuízos para
os industriais, como a quebra de
equipamentos ou redução de sua vida
útil”, pontuou o chefe de Tecnologia
de Gestão Ambiental do IST.
A avaliação é compartilhada por
Roberto Salvador, diretor de
Engenharia da Bayer: “As falhas
causam muitos transtornos às
empresas, especialmente as químicas.
Quando há interrupção, é preciso
reajustar as máquinas, o que pode
levar horas e até quase um dia inteiro”.
Para Fragson Carvalho, chefe de
setor de Utilidades e Energia da
Michelin, a qualidade da energia
deve ser um tema prioritário para
a indústria, uma vez que impacta
em seus resultados. “Temos
muitos equipamentos eletrônicos
nos processos produtivos, mas
o sistema de distribuição é
antigo, o que acaba provocando
interrupções na cadeia. Não é só a
falta de energia que é prejudicial.
As oscilações de tensão recorrentes
também são bastante danosas”,
disse Carvalho.
Segundo ele, a eficiência
energética é um fator fundamental
para a competitividade industrial:
“Temos um ranqueamento de
nossas usinas no mundo e, além
de termos uma das energias mais
caras, temos também a de menor
qualidade. Em um cenário mais
favorável, poderíamos atrair mais
investimentos”, afirmou.
O simpósio foi realizado em 18 de
fevereiro, na Universidade Federal
de Uberlândia.