Carta da Indústria 768

ANO XIX | 768 | DEZEMBRO 2018 | JANEIRO 2019 Firjan 34 menos de crescimento nos Estados Unidos por conta de um agravamento da guerra comercial. Isso, de fato, cria um risco adi- cional para o Brasil. Os impactos são im- previsíveis. A depender do grau dessa cri- se, podem contaminar para mais ou para menos. A própria contaminação no Brasil depende de quão preparado a gente está em relação às reformas que impactam in- ternamente e ajudam a prevenir os efeitos de uma crise vinda de fora. CI: Quais setores da economia devem ser mais impactados? José Ronaldo: No caso do minério, não só a guerra comercial, mas também a desa- celeração da economia da China e a con- sequente redução dos investimentos ten- dem a gerar diminuição de demanda ou pelo menos uma influência no crescimento do setor. Mas é muito difícil prever impacto da guerra comercial específico num seg- mento, porque ela tem um viés negativo para toda a cadeia de comércio interna- cional. Tudo o que exportamos pode ser afetado, embora os produtos agrícolas não me pareça ser o grande foco da discussão, além de termos bastante competitividade. O petróleo também não. São mais os pro- dutos industrializados. O setor de automó- veis está vivendo uma fase de retomada. Se a economia tiver um bom crescimento como projetamos, tem boas perspectivas internas e, externamente, pode conseguir novos mercados. CI: Quais os desafios da indústria diante desse cenário? José Ronaldo: No caso da indústria de transformação fluminense, são dois gran- des desafios: resolver entraves logísticos, que não são tão graves quando compa- rados a outras regiões, mas atrapalham o desenvolvimento; e a questão da segu- rança pública, que tira investimento do es- tado. Com a intervenção federal já houve alguma melhora, pelo menos com relação ao roubo de cargas e outros. Esse processo tem que continuar para dar tranquilidade ao investidor, para que ele confie no retor- no de seu investimento, não tenha tanto ris- co e reduza o custo de controle, que impõe uma queda no retorno esperado. CI: Em 2018, exportar e vender para ou- tros estados foram alternativas impor- tantes para a indústria fluminense. Isso mudará em 2019? José Ronaldo: Acho que não. O lado po- sitivo de uma crise é procurar alternati- vas para reduzir sua exposição ao risco, o que inclui não depender de um estado só. Quando a empresa procura outros es- tados, deixa de ter as vantagens locacio- nais e passa a ser mais competitiva, por- que sabe avaliar melhor o que seus con- correntes estão fazendo. Isso é bastante positivo, especialmente para quem expor- ta, que precisa estar atento, de fato, para a qualidade e a competividade. Isso só me- lhora a situação dessa indústria, e as que conseguirem ter sucesso devem continuar, “ No caso da indústria fluminense, são dois grandes desafios: entraves logísticos e segurança pública” Foto: Divulgação ENTREVISTA

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