Carta da Indústria 768

35 CARTA DA INDÚSTRIA www.firjan.com.br mesmo que o estado do Rio retome seu crescimento. Quanto à guerra comercial, acho que não terá tanto impacto direto nesse momento inicial, até porque o Brasil vai caminhar para uma agenda de acor- dos de cooperação bilaterais, não somen- te por blocos. A indústria tende a ganhar mercado com isso. Há mudança de visão do que se pretende em relação à política de comércio internacional. A visão ago- ra, aparentemente, será mais de ampliar a competitividade da indústria nacional, buscando novos mercados ou pelo menos ampliando aqueles deixados de lado. CI: Será possível fechar acordos positivos para o Brasil? José Ronaldo: Vai depender muito tam- bém da própria agenda interna de apoio à competitividade. Uma reforma tributária pode ajudar. Mudanças na legislação tra- balhista também podem contribuir, mas a reforma feita já ajuda. Isso pode levar a um debate de melhora do ambiente interno para que o país se torne mais competitivo externamente. CI: O mercado de P&G tende a ser o motor da economia do estado do Rio novamente? José Ronaldo: A indústria de petróleo e gás dará o impulso, mas o estado deve- ria se utilizar muito melhor de toda sua ri- queza de capital humano. Temos de migrar para a economia digital, sem deixar o pe- tróleo de lado, mas investir mais na melho- ria do ambiente para a inovação, para que as startups cresçam. Esse é o grande ponto onde a economia, principalmente da capi- tal, tem mais potencial. CI: Como você vislumbra o estado do Rio daqui a alguns anos? José Ronaldo: O grande xis é minimizar questões que hoje travam todos os seto- res. A violência é o ponto inicial. O segundo são as finanças públicas estaduais, com a questão previdenciária despontando como o aspecto mais grave, inclusive em outros estados, prejudicando os serviços públicos. As vocações naturais da cidade, que são turismo e serviços de alto nível, precisam ter estímulo para florescer. A carga tributária também não pode inviabilizar os negócios. Cuidado com o que chamamos de Curva de Lafer: aumentar imposto demais acaba diminuindo a arrecadação, porque mata os negócios. Tem que fazer estudos específi- cos, pensando nas consequências. Se abrir mão de imposto, gerar aumento na econo- mia, o efeito pode ser nulo na arrecadação, mas com crescimento do PIB. CI: Além desses pontos, como melhorar o ambiente de negócios para a indústria? José Ronaldo: Eu olharia os indicadores tradicionais do Relatório Doing Business, do Banco Mundial, e tentaria atacar cada um daqueles pontos: tempo de abertura e fechamento de firma, facilidade de fazer negócio, de pedir licenças, enfim, aspectos burocráticos do serviço público. Podería- mos ter uma coordenação para gerir me- lhor esse esforço nos três níveis: federal, es- tadual e municipal. “ Temos de migrar para a economia digital, sem deixar o petróleo de lado” Foto: Divulgação

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