Carta da Indústria 777

9 CARTA DA INDÚSTRIA www.firjan.com.br Foto: Divulgação gados, para seguir a carreira numa empre- sa. O que a academia ou qualquer centro de formação, incluindo de tecnólogos, de- veria estar fazendo é trabalhar esses pro- fissionais também como empreendedores, pensando em inovação. Pode ser como mi- croempreendedor dentro de uma empresa ou como consultor, especialista ou criador de uma startup. Isso, por sua vez, nos leva à revisão de conceitos, como por exemplo: qual o motivo de existência de uma organi- zação? São os clientes e a sociedade; mas onde está isso no organograma das em- presas? Não está. Então, existe também uma mudança de paradigma da indústria. CI: Que exemplo prático poderia ser cita- do sobre essa mudança de paradigma? Ricardo Yogui: Um fator que pode ajudar muito é trabalhar com uma governança de inovação. A gente fala muito de gover- nança, porém com foco no financeiro. Isso pode garantir a sobrevivência hoje, mas não necessariamente no futuro. A inovação deve fazer parte das organizações, com a criação de Innovation Board ou comitês de inovação que trabalhem junto com o Con- selho de Administração da empresa, aju- dando a oxigenar a organização. Acho que o maior desafio é criar essa governança da inovação dentro da indústria, para ela pre- parar o seu futuro na sociedade. CI: Que papel a Firjan pode ter nessa indução? Ricardo Yogui: Um papel fundamental. A Firjan pode colaborar nesse sentido para a gente fomentar a discussão. Acho que, em um primeiro momento, é um processo de conscientização das pessoas sobre o tema. E, depois, de se debruçar e começar a trabalhar. CI: Resumindo, sem pensar em sociedade 5.0, no futuro pode não haver consumido- res em todos os países. Seria isso? No li- mite, a indústria vai produzir para quem? O comércio vai vender para quem? Ricardo Yogui: Sim, a cadeia não fecha, o ciclo não fecha. Por isso, quando a gente fala de uma sociedade 5.0, isso envolve a sociedade como um todo e também a in- dústria, a academia e o governo. É funda- mental desenvolver programas de médio e longo prazos. Pessoas vão sair da cadeia de produção, e isso vai criar um desequilí- brio dentro da sociedade. Um dos aspec- tos dessa questão da expansão digital é que, no passado, a indústria trabalhava com comunicação de massa. Falava para os consumidores, para a sociedade: “olha esse produto que eu desenvolvi”. Hoje, a empresa está dentro de uma rede; ela in- terage com os seus clientes. Um ato falho de uma organização gera um impacto gi- gante dentro de redes sociais, da mídia. Uma organização que se coloca dentro de uma sociedade 5.0 gera maior empatia no contexto dessa rede, e isso gera resultados, não apenas financeiros, mas também traz apoiadores, colaboradores, numa socieda- de cada vez mais consciente. “ A gente falamuito de governança, mas com foco no financeiro. Isso pode garantir a sobrevivência hoje, não necessariamente no futuro”

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