Carta da Indústria 782

35 CARTA DA INDÚSTRIA www.firjan.com.br Foto: Paula Johas “ Pode ser um evento que nos faça emergir com novas diretrizes a respeito das prioridades de gasto público. É provável que mudemos o pêndulo de gastos por conta desse choque” CI: Qual o impacto para a corrente de co- mércio mundial, brasileira e fluminense? Livio Ribeiro: O comércio já teve um 2019 muito ruim, por conta da guerra comer- cial entre China e EUA. No último trimes- tre do ano, vimos sinais de tentativas de estabilização do crescimento global. A perspectiva de assinatura de um acordo comercial, definido em dezembro e as- sinado em janeiro, sugeria uma retoma- da do comércio. Só que não ocorreu isso. Tivemos o imponderável batendo por cima e abortando esse processo. O ano de 2020 será pior que o ano passado. E, diante de uma ocorrência global que se alastrou para todas as economias, não sabemos o fundo do poço. Temos poucas informações de dados reais que mostram um perfil de desaceleração mais inten- so do comércio. Temos dados chineses e da cadeia asiática que, como esperado, foram um desastre. Esses países são os primeiros a mostrarem a queda. Temos que vê-los também como os primeiros a mostrarem a retomada. Aí sim poderemos ter esse debate, que será feito a partir de ondas no mundo, começando na Ásia e no Pacífico, se espalhando para a Europa e chegando nas Américas. Agora não te- mos muito o que falar. CI: O que o país pode fazer para minimi- zar os impactos econômicos? Há alguma projeção de normalização? Livio Ribeiro: Temos duas discussões pa- ralelas: uma é minimizar os impactos do choque; e a outra é como emergir melhor do choque. Nesse sentido, será importante a ampliação da liquidez e a manutenção das linhas de crédito. Precisamos cuidar das empresas e, acima de tudo, das pes- soas, especialmente as menos favorecidas pelas políticas públicas e que têm menos acesso às formas de se cuidar. Essa não é uma crise que dura para sempre, se as coisas forem feitas de modo organizado e se as pessoas respeitarem as recomen- dações de saúde pública. Não podemos prever o tempo de duração nem quantas mortes iremos ter. Sabemos que os custos serão grandes. O momento é de esperar e de ir incorporando as informações que vão sendo disponibilizadas para tentar tatear o que virá pela frente. Podemos estar cami- nhando para uma recessão global. Isso não é necessariamente verdade, mas é possível.

RkJQdWJsaXNoZXIy Njc2MzE5