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ANO XVIII | 755 | OUTUBRO | 2017

Sistema FIRJAN

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da Medida Provisória nº 579/2012, que

conferiu a possibilidade de reduzir as ta-

rifas de energia elétrica a partir da re-

novação das concessões de geração e

transmissão, e da Lei nº 12.783/2013, que

determinou os critérios e condições para

a prorrogação das concessões de gera-

ção hidrelétrica.

“No ano de 2012, 91 usinas passaram

a operar em regime de cotas, sendo 14

pertencentes à Eletrobras. Isso significa

metade da capacidade instalada cotiza-

da. Ou seja, vendendo energia a preço

mais baixo. O resultado foi a queda da

nossa receita operacional líquida em 20%

entre 2012 e 2015. Assim, acredito que

a descotização democratiza o capital,

tornando a privatização uma alternativa

viável e positiva para empresas em crise”,

afirma Ferreira Júnior.

De acordo com o governo, essa pro-

posta pode gerar um acréscimo de até

7% no preço da energia. No entanto, esse

incremento seria equilibrado com a reti-

rada do consumidor dos custos de pos-

síveis prejuízos pela geração de energia

abaixo do volume definido nos contratos,

o chamado risco hidrológico, e com o

abatimento de encargos da Conta de De-

senvolvimento Energético (CDE), fundo

setorial que financia programas sociais.

“É mais do que justo que os recursos

da privatização sejam aplicados de modo

a reduzir a CDE. A medida que mais dese-

jaria ver implantada é a desjudicialização

do risco hidrológico, para que a questão

seja resolvida semque seja necessário que

o Poder Judiciário arbitre. Espero que o

novo marco traga mais clareza e também

produza um ambiente de negócios no

qual cada agente assuma as respon-

sabilidades inerentes à sua atividade”,

pontua Ricardo Amaral, gerente de Ener-

gia da Bayer.

Para a FIRJAN, as transformações no

setor elétrico devem acontecer de forma

gradual. “Regras de transição claras, que

possibilitem a reorganização do setor

com segurança jurídica e estabilidade,

são importantes para manter os investi-

mentos já realizados e atrair novos par-

ceiros”, explica Tatiana Lauria, especialis-

ta de Estudos Econômicos da Federação.

Na avaliação de Edvaldo Santana, pre-

sidente da Associação Brasileira de Gran-

des Consumidores Industriais de Energia

e de Consumidores Livres (Abrace), a pro-

posta de modernização do arcabouço

regulatório proporcionará mais confia-

bilidade: “Desde 2012, a regulamentação

do setor ficou muito vulnerável a inter-

venções governamentais, prejudicando

sua performance. Os custos cresceram

muito. A abertura do mercado, com a

ampliação do ambiente de contratação

livre, e um novo modelo para os subsídios

às fontes incentivadas são considerados

os principais pontos da proposta. Porém,

a coerência e a melhor alocação de cus-

tos são variáveis-chaves para o sucesso

das medidas”.

INOVAÇÃO

Um dos principais pleitos da FIRJAN

para a nova proposta de reforma é o

maior incentivo à inovação no setor elé-

trico. A expansão das redes inteligen-

tes de energia, conhecidas como

smart

grids

, é um caminho natural para o seg-

mento, pois beneficia consumidores e

distribuidores. Ainda assim, segundo Ta-

tiana, embora haja indicação da impor-

tância do tema, o texto apresentado pelo

Ministério não detalha medidas de fo-

mento ao assunto.

“É importante que haja reconheci-

mento apropriado desses investimentos,

cuidando para não onerar demasiada-

mente os consumidores”, analisa a espe-

cialista da Federação.

A Enel desenvolveu um projeto piloto

nomunicípiodeArmaçãodos Búzios, con-

cluído em dezembro de 2016. A ação le-

vou a tecnologia para quase 10 mil consu-

MATÉRIA DE CAPA