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INFORME CIN –
Que medidas
são necessárias para desenvolver
a indústria de defesa brasileira?
FRANÇOIS HAAS –
Quando
falamos da indústria de defesa,
falamos de um horizonte de
longo prazo e de programas que
terão uma vida de 30 anos. Por
isso, precisamos ter certeza de
que o governo vai financiar os
projetos em longo prazo. Além
disso, precisamos de técnicos e
engenheiros especializados nas
tecnologias de defesa. O governo
brasileiro tem como estratégia
transferir tecnologia de defesa de
outros países para o Brasil, mas,
para absorver essa tecnologia,
precisamos de engenheiros
bem formados e capacitados.
Para atender a esse objetivo, a
Safran tem hoje 24 engenheiros
brasileiros trabalhando nos
grupos da empresa, na França,
por meio do programa Ciência
sem Fronteiras. Este ano, vamos
contratar mais 25 profissionais.
IC –
Qual é a função dos
investimentos em inovação e
tecnologia nesse mercado?
FH –
São fundamentais. O
E
ENTREVISTA
Grupo Safran investe, a cada
ano, 15% do faturamento em
pesquisa e desenvolvimento.
Não existe indústria de defesa
sem investimento forte nesses
dois quesitos. É um investimento
que também precisa ser
compreendido como de longo
prazo: investir em pesquisa
e desenvolvimento hoje para
beneficiar os próximos 30 anos
é essencial.
IC –
Em relação aos avanços
tecnológicos, como avalia as
indústrias de defesa do estado do
Rio e do Brasil?
FH –
No Brasil, existem algumas
empresas tradicionais que atuam
nesse mercado há muito tempo.
O estado do Rio ainda não é
muito forte em indústria de
defesa, mas o projeto do
Exército Brasileiro de fazer o
Polo de Ciência e Tecnologia em
Guaratiba será muito importante
para criar no estado um núcleo
que atenda ao setor. O centro
terá a escola de engenharia
do Exército, além de uma área
reservada para empresas e uma
incubadora de
startups
.
IC –
Como instituições como o
Sistema FIRJAN contribuem para
desenvolver e fortalecer a indústria
de defesa fluminense?
FH –
A atuação da FIRJAN é
fundamental para nos apoiar nas
relações com os governos do
estado e federal. Nós, empresas,
temos dinheiro para investir,
estamos dispostos a qualificar
pessoas, mas precisamos de um
ambiente de negócios propício.
A Federação é a nossa voz para
defender a criação desse ambiente,
permitindo que nossas empresas
prosperem. A FIRJAN nos ajuda
a traçar uma visão estratégica,
planejando o que queremos para
a indústria fluminense daqui a
30 anos, além de nos auxiliar a
desenvolver uma infraestrutura
que permita o crescimento das
empresas. Essa infraestrutura é tanto
física, com aeroportos, estradas
e ferrovias, quanto de educação,
porque nossas empresas só vão
crescer se tiverem mão de obra
qualificada. Por isso, o trabalho do
SENAI e da Federação, em parceria
com a Secretaria de Educação do
Estado, é muito importante para
todo o setor industrial.
Divulgação
A indústria de defesa depende de fortes
investimentos em pesquisa e desenvolvimento.
A avaliação é de
François Haas
, diretor-geral da
Safran Turbomeca do Brasil, que atua na área
de defesa há 35 anos. Em entrevista ao Informe
CIN, o executivo aborda as medidas necessárias
para fomentar o setor, como investimentos em
capacitação, tecnologia e inovação.
INDÚSTRIA DE DEFESA:
GARGALOS E POTENCIALIDADES
INFORME CIN | ABRIL DE 2015