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4 A 18 DE ABRIL DE 2016 | CARTA DA INDÚSTRIA
INDÚSTRIAS FLUMINENSES INVESTEM EM DIVERSIFICAÇÃO
DE FONTES E REDUZEM CONSUMO DE ÁGUA NA PRODUÇÃO
Após a crise hídrica que atingiu
o estado do Rio no ano passado,
a indústria implementou novas
medidas para diversificar as fontes
de abastecimento e depender
menos da rede pública. Neste ano, as
chuvas de fevereiro elevaram o nível
dos reservatórios que abastecem a
Bacia do Paraíba do Sul, passando
de 7,82%, em 2015, para 32,47%, em
2016. Mas o risco de uma crise de
abastecimento persiste.
A indústria fluminense está fazendo
a sua parte e passou a adotar mais
medidas de redução do uso de água
no processo produtivo, segundo a
pesquisa “Impactos da Escassez de
Água 2015”, produzida pelo Sistema
FIRJAN. As ações preventivas
mais utilizadas são o controle
de consumo e as campanhas
de conscientização, presentes,
respectivamente, em 69,8% e 69,3%
do total das empresas ouvidas.
De acordo com Jorge Peron,
gerente de Meio Ambiente da
Federação, o resultado reforça uma
tendência iniciada há dois anos,
quando o estado do Rio começou a
sentir os impactos da baixa reserva
de recursos hídricos.
“De forma geral, as empresas
já vinham realizando um conjunto
de ações estruturais que resultaram
em uma mudança de perfil de
consumo. As indústrias estão
buscando outras fontes de
fornecimento, como a captação
de água de chuva e de poço. São
alternativas que têm como benefício
tornar a produção industrial mais
eficiente”, avalia Peron.
A pesquisa da FIRJAN indica que,
entre as empresas que dependem de
recursos hídricos para a produção,
as iniciativas para economia de água
ocorrem em dobro em comparação
com as que não são intensivas no
uso. Além da maior necessidade, isso
acontece porque essas indústrias
têm maior porte e dispõem de mais
recursos financeiros, segundo o
levantamento. A pesquisa ouviu
517 empresas no estado do Rio,
com o objetivo de avaliar o uso
da água nos tópicos processo
produtivo, fornecimento, medidas
preventivas, impacto na produção
e cenário futuro.
ECONOMIA DE RECURSOS
Uma das empresas que investiram
em meios para otimizar a utilização
da água é a Sumatex Produtos
Químicos. A companhia construiu
um poço artesiano e, há cerca
de três meses, implementou um
processo para aproveitamento de
água pluvial em sua fábrica.
“Fizemos um sistema de calhas
nos telhados, no qual a água da
chuva é desviada para tanques de
armazenamento e posteriormente
destinada para lavagem de pisos
e veículos. Apesar de ainda não
ter o percentual de redução
consolidado, esperamos uma
diminuição significativa do recurso
a partir dessa iniciativa”, explicou
Carlos Alberto Melo, gerente
Industrial da Sumatex.
Segundo ele, outras ações estão
sendo estudadas pela empresa:
“Futuramente modificaremos nossa
Estação de Tratamento de Efluentes
(ETE), reaproveitando a água para
fim industrial. Além da preocupação
com a crise hídrica, também vemos
vantagem na redução de custos,
pois o valor do metro cúbico pago é
alto”, observou.
Outra empresa a reutilizar a água da
chuva é a Hyundai. A companhia,
que tem seu fornecimento garantido
por meio de um poço semiartesiano,
criou o Projeto de Reúso da Água.
PRINCIPAIS MEDIDAS ADOTADAS PELAS EMPRESAS
Controle do
consumo
Campanhas
internas
de conscien-
tização
Controle
de perdas
na rede de
distribuição
Reúso
de água
Manutenção
de máquinas e
equipamentos
Uso de poço
artesiano
57,8%
69,8%
48,9%
69,3%
28,9%
37,2%
26,1%
29,6%
25,5% 24,2%
33,5%
21,2%
2014
2015
Fonte: FIRJAN
C
MATÉRIA
DE CAPA