A indústria naval brasileira tem
experimentado uma reestruturação
de suas atividades, iniciada com o
aumento nos custos de construção
de embarcações, que contou
também com a interrupção
das encomendas previstas e
necessidade de reajustes nos
contratos já firmados.
No Rio de Janeiro, esta situação
não poderia ser diferente. O
estado possui o mais tradicional e
diversificado polo de construção
naval do país, com capacidade
tecnológica e industrial para
a construção de plataformas
e módulos de plataformas de
petróleo, navios-sondas, petroleiros
e porta-contêineres, bem como
embarcações de apoio à produção
de petróleo e apoio portuário,
como os rebocadores.
Nesse contexto, o segmento de
reparos navais tem-se destacado.
O presidente do Sindicato Nacional
da Indústria de Construção e
Reparação Naval e Offshore
(Sinaval), Ariovaldo Rocha, ressalta
que no cenário atual alguns
segmentos do setor possuem
oportunidade para expansão. Entre
eles se destacam: reparo naval,
construção de navios de apoio
portuário e construção de barcaças
e empurradores para comboios de
transporte fluvial.
ADAPTAÇÃO AO MERCADO
Embora ainda existam encomendas
e projetos em andamento, petróleo
e gás é uma das indústrias mais
afetadas pela redução substancial
das demandas. Rocha relata que há
um forte movimento de adaptação
ao mercado existente por parte da
indústria e de seu encadeamento
produtivo. “Existe uma nova
realidade de preços e custos.
Por este motivo, a atividade de
reparo naval está recebendo grande
atenção. Estaleiros como o Mauá
e BrasFels, em Niterói e Angra dos
Reis, respectivamente, têm atuado
no reparo e manutenção de sondas
de perfuração”, destaca Rocha.
Para Ricardo Maia, diretor executivo
de Relação com Associados do
Sistema FIRJAN, o mercado naval
retomou suas atividades a partir
das demandas
offshore
. Segundo
ele, hoje é vital a busca pela
redução de custos associada à
produção de embarcações com
maior capacidade, mais eficientes
e modernas.
“Um processo de produção
moderno engloba a modulação
de partes de uma embarcação.
Esse processo, mais especializado
e padronizado, é um caminho
para agregar tecnologias e reduzir
INDÚSTRIA NAVAL SE REPOSICIONA
PARA MANTER COMPETITIVIDADE NO MERCADO
prazos, possibilitando alcançar
maior produtividade”, avalia Maia.
Ariovaldo Rocha acrescenta que é
importante perceber que a situação
atual representa um momento de
transformação: “As mudanças estão
sendo anunciadas e começam a
ocorrer. As reservas brasileiras de
petróleo continuam a existir, e sua
exploração vai demandar navios e
plataformas. Além disso, petroleiras
internacionais continuam a realizar
grandes investimentos no país”.
Entre os investimentos no
estado do Rio, destacam-se os que
vêm sendo feitos no Superporto do
Açu, no município de São João da
Barra, no Norte Fluminense. Com
17 quilômetros de píeres – que
podem receber simultaneamente
até 47 embarcações –, esse
complexo portuário foi planejado
para dar apoio à indústria de
petróleo e gás da Bacia de Campos,
M
MERCADO
O segmento de reparo de embarcações traz oportunidades para a indústria naval
Divulgação/Agência Petrobras
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MAIO DE 2016 | CARTA DA INDÚSTRIA