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SÚMULA AMBIENTAL –

Como funciona o

modelo de gestão adotado e praticado pela Murray-

Darling Basin?

MARLOS DE SOUZA –

O gerenciamento da bacia dos

rios Murray-Darling passou ao domínio federal em 2007

com a Lei de Recursos Hídricos, o

Water Act

. Antes

disso, a gestão da bacia era compartilhada entre cinco

mandatários: quatro estados e o Território Federal (em

inglês, ACT), onde fica a capital do país. O

Water Act

2007 passou a vigorar justamente no ápice da chamada

“seca do milênio”. Entre 1997 e 2009, o Sudeste da

Austrália passou por um período de estiagem, com um

déficit pluviométrico de 12,4% em relação à média, fato

esse nunca observado desde que a coleta de dados

começou, em 1860. Com o

Water Act

2007, a bacia

dos rios Murray-Darling foi dividida em 29 unidades

hidrológicas (UH). Para cada UH foi estabelecido um

volume sustentável de uso da água, com base em

estudos científicos e dados climáticos existentes desde

1860. O governo federal então impõe esses limites

legalmente. Os estados e o ACT são obrigados por lei a

apresentar ao governo federal planos de gerenciamento

de recursos hídricos para cada UH existente em seus

territórios. Esses planos são avaliados e, após aprovados

e sancionados pelo governo federal, entram em vigor.

Os planos cobrem uma série de requisitos básicos:

direito de acesso (outorga); direito de uso da água para

o meio ambiente; disponibilidade hídrica; atividades

que interceptam precipitação na bacia; entre outros.

Outra ferramenta importante em períodos de crise

hídrica é o “mercado de água”. Tal qual em um mercado

de ações, detentores de outorgas as compram e

vendem, temporária ou definitivamente. Essa atividade

é regulamentada pelo governo e funciona na Austrália

desde 1980, dando mais equilíbrio à oferta/demanda

durante secas prolongadas.

SA –

Como se dá a participação da população nos

momentos que antecedem e durante as crises?

MS –

A população aprendeu muito sobre a questão

Vinícius Magalhães

A Austrália vivenciou mais de uma década

de grave seca, conhecida como a “seca do

milênio”. A crise gerou uma oportunidade de

sensibilizar a população sobre a necessidade

do gerenciamento hídrico, aumentando o

senso de responsabilidade individual sobre

a água. Quem reporta essa experiência é

Marlos de Souza

, diretor da

Sustainable Limits

Adjustment Policy and Planning Division da

Murray-Darling Basin Authority

. Ele participou

do Seminário “A Gestão da Água na Indústria

em um Cenário de Escassez”, realizado

pelo Sistema FIRJAN em março. Confira a

entrevista concedida à Súmula Ambiental.

GESTÃO DA ÁGUA:

A EXPERIÊNCIA DA AUSTRÁLIA

SISTEMA FIRJAN

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SÚMULA AMBIENTAL | ABRIL DE 2015