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PÁG. 3

13 A 19 DE NOVEMBRO | CARTA DA INDÚSTRIA

E

ENTREVISTA

CARTA DA INDÚSTRIA –

Quais são os principais

fatores que definem a capacidade de inovação de

um país?

SOUMITRA DUTTA –

Inovação hoje é um fenômeno

multifacetado. Requer um número de condições

importantes. A primeira de todas é o capital humano.

As nações precisam investir nisso, contar com pessoas

educadas e capacitadas, com curiosidade por coisas

diferentes. Depois, o governo deve oferecer boas

condições ao setor produtivo, que necessita de uma

estrutura adequada para empreender. Além disso, é

importante ter um bom ambiente de negócios, a fim

de permitir que estes cresçam com sucesso. Para haver

um incremento nas novas organizações, é preciso

receber suporte em termos de capital, conhecimento

especializado e outras variáveis que promovam

confiança. A vida para os negócios deve ser simples,

sem burocracia. E as organizações devem estar

preparadas para crescer. Por fim, há a importância

de conectá-las umas às outras. As empresas

precisam trabalhar com parcerias entre si, governo

e universidades. Esses quatro elementos são os mais

importantes: investir nas pessoas, ajudá-las a criar seus

empreendimentos de forma próspera, ter condições

favoráveis proporcionadas pelo governo e promover a

cooperação entre os diversos setores.

CI –

Como avalia a evolução do país nesse campo?

SD –

O Brasil tem uma longa e forte história com a

inovação. Não podemos esquecer o sucesso

brasileiro na produção de aviões. A Embraer é uma

das líderes globais nisso. Acredito que hoje somente

três ou quatro nações produzem aviões com alta

tecnologia de maneira bem-sucedida. E o Brasil

também tem a Embrapa, que é uma das instituições

líderes em pesquisas genéticas e tecnologias para

plantas. Os brasileiros têm muitos pontos fortes nesse

campo. Ao mesmo tempo, a estrutura econômica é

fortemente baseada em

commodities

. O grande

desafio está em transformar a economia, tornando-a

mais inovadora e menos dependente das

commodities

,

que é uma maneira mais fácil de obter recursos. Ser

capaz de transformar as bases econômicas é a chave

para avançar.

CI –

Qual papel do setor privado nos processos

inovadores?

SD –

O setor privado é absolutamente importante para

a inovação. Na verdade é um condutor desse processo.

Mas as empresas dependem do apoio do governo,

porque sozinhas não conseguem criar toda a inovação

que a economia requer. E mais do que dinheiro, o que

as organizações precisam realmente é de confiança.

Esse é um elemento fundamental para que o setor

privado se sinta capaz de investir, de tomar decisões

e construir o futuro. O governo tem um papel chave

para prover essa confiança, as condições e a regulação

adequada para as empresas.

Antonio Batalha

Soumitra Dutta

é editor do Índice Global de

Inovação. O ranking analisa os processos

inovadores em 141 economias do mundo com o

objetivo de contribuir na elaboração de políticas

públicas de longo prazo nesses países. Em

entrevista à Carta da Indústria, Dutta comenta o

desempenho do Brasil, que ocupa a 70ª posição,

e as variáveis que definem o grau de inovação de

um país. Ele participou do lançamento regional

na América Latina do Índice Global de Inovação

2015, realizado na sede da FIRJAN, em outubro.

INDICADORES

GLOBAIS DE INOVAÇÃO