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PÁG. 9

13 A 19 DE NOVEMBRO | CARTA DA INDÚSTRIA

C

CONSELHOS

E FÓRUNS

“Os Estados Unidos

desafiam a hegemonia

da China na região, o

que pode gerar atrito

entre os dois países”

Luiz Felipe Lampreia

Presidente do Conselho de Relações

Internacionais do Sistema FIRJAN

Reunião do Conselho Empresarial de Relações Internacionais: China em pauta

Vinícius Magalhães

O Conselho Empresarial

de Relações Internacionais

do Sistema FIRJAN recebeu o

embaixador Valdemar Carneiro

Leão que, após dois anos e meio na

China, apresentou um panorama

sobre o atual momento de

reformas do país oriental. “Estamos

vendo o fim de um ciclo em que

o comércio deixa de ser o mais

vistoso e os investimentos podem

ser mais atrativos para países como

o Brasil”, afirmou Leão.

Segundo o embaixador, o cenário

é positivo para os investimentos,

sobretudo em infraestrutura. “O

processo de reforma atual da

economia chinesa não é isolado, se insere

num projeto maior geoestratégico. Há duas

dinâmicas sendo tocadas em paralelo – as

relacionadas às mudanças na economia e as de

afirmação geopolítica”, sinalizou ele, que esteve

à frente da Embaixada do Brasil em Pequim até

setembro deste ano.

O embaixador acredita ainda

que é cedo para antever a nova

configuração chinesa e de que

maneira o Brasil será afetado.

Entretanto, mesmo com a

desaceleração econômica, o país

asiático busca dobrar o PIB até

2020, em relação a 2010.

Quanto à geopolítica, Leão disse

que o esforço de afirmação

chinesa ocorre em paralelo à

movimentação dos países vizinhos:

“O gigantismo econômico e militar

da China faz com que os vizinhos adotem uma

postura receosa com o país”.

Boa parte deles está aderindo ao Tratado

de Livre Comércio Trans-Pacífico (TPP, na sigla em

inglês), assinado em 5 de outubro entre Estados

Unidos e 11 outras nações, sendo cinco da Ásia:

Cingapura, Vietnã, Malásia, Brunei e Japão. Luiz Felipe

Lampreia, presidente do Conselho, fez ponderações

CONSELHO ANALISA IMPACTO DAS REFORMAS

CHINESAS NO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

sobre o TPP. “Os Estados Unidos, com isso, desafiam a

hegemonia comercial da China na região, o que pode

gerar atrito entre os dois países”, analisou.

OPORTUNIDADES PARA EMPRESAS

O empresário Eliezer Batista vê o momento como

uma oportunidade para as empresas brasileiras.

“Infraestrutura e logística são os

investimentos mais importantes

para a China”, ressaltou Batista.

Um projeto defendido por ele

foi a rota via novo Canal do

Panamá, com a construção de

uma ferrovia no Pará que se

integrará com a malha existente,

alternativa em detrimento da

ferrovia transpacífica que ligaria

o Brasil até o Oceano Pacífico.

“Pelo canal seriam 3 mil milhas

a menos, com uma proposta de

reduzir o valor do frete em 20%”,

ressaltou Temporal.

Carlos Mariani Bittencourt, vice-presidente do Sistema

FIRJAN, acredita que a relação Brasil-China deve entrar

em outro patamar: “O embaixador trouxe informações

sobre a reforma chinesa e os possíveis impactos para as

empresas brasileiras. É um momento importante para

reavaliar a nossa relação com a China”. A reunião foi

realizada em 29 de outubro, na sede da Federação.