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13 A 26 DE JUNHO DE 2016 | CARTA DA INDÚSTRIA
C
MATÉRIA
DE CAPA
LOGÍSTICA REVERSA E MODELO CIRCULAR APRIMORAM GESTÃO
E ABREM NOVOS MERCADOS PARA A INDÚSTRIA FLUMINENSE
Com a aprovação da lei que
estabeleceu o Plano Nacional de
Resíduos Sólidos (PNRS), em 2010,
a logística reversa passou a ser um
tema de grande relevância para a
indústria. De acordo com o Plano,
as empresas passam a ter maior
responsabilidade pela destinação dos
resíduos gerados após o consumo
de seus produtos. Além da obrigação
legal, esse conceito deve estar nos
planos de negócios das indústrias
pelos benefícios econômicos, sociais
e ambientais que pode criar.
A logística reversa é um incentivo
para que os produtos industriais,
depois de consumidos e descartados,
retornem à cadeia produtiva. Uma
das formas de fazer com que os
resíduos possam ser reutilizados pela
indústria é por meio da reciclagem.
Um dos ganhos gerado pela logística
reversa está no valor agregado para
as organizações. Ao sustentar uma
imagem ambientalmente correta, a
empresa tem vantagens competitivas
em relação a seus concorrentes.
EXEMPLO NO SETOR DE BEBIDAS
Ciente dos benefícios desse modelo,
a Coca-Cola Brasil implementou, em
2012, o projeto Coletivo Reciclagem.
Com a iniciativa, as cooperativas de
reciclagem associadas à empresa
são apoiadas durante seis meses.
Além de treinamentos e capacitação,
a Coca-Cola Brasil estabelece um
diagnóstico dessas organizações
e, por meio de uma consultoria
semanal, elas estabelecem uma
meta de crescimento.
Segundo Thais Vodjovic, gerente
de Operações de Projetos de
Reciclagem da empresa, das
300 cooperativas apoiadas, 93%
conseguiram alcançar a meta de
crescimento, aumentando o volume
de produção e, consequentemente,
otimizando a produção de
reciclados para a Coca-Cola Brasil.
“Como visão de longo prazo, a
cadeia circular pode gerar valor para
todos os
stakeholders
. Quando se
enxerga de forma holística, há um
ganho em ter mais proximidade com
consumidor e, depois de estruturado
todo o processo, a matéria-prima
reciclada tem potencial de ser mais
barata, reduzindo custos para a
empresa”, afirmou.
A logística reversa também pode
gerar muitas oportunidades para
as indústrias que se relacionam
com o segmento de embalagens,
muito impactado por esse modelo.
De acordo com Bruno Pereira,
coordenador do Comitê de Meio
Ambiente e Sustentabilidade da
Associação Brasileira de Embalagem
(ABRE), as empresas devem pensar
em valorizar ao máximo o design de
Na Coca-Cola Brasil a parceria com cooperativas viabiliza o sistema de logística reversa
Divulgação/Coca-Cola Brasil
seus produtos, fazendo com que
sejam mais duráveis e retornem
mais facilmente ao início da cadeia.
“Esse processo de logística é
um catalisador de inovações em
sistemas de produção e abre
grandes oportunidades para
investimentos em Pesquisa e
Desenvolvimento, por exemplo”,
destacou Pereira.
O Sistema FIRJAN está empenhado
em apoiar as indústrias fluminenses
no cumprimento da legislação
do PNRS e dissemina o tema
em seminários, workshops e
palestras com o setor empresarial.
“Uma nova formatação da
atividade econômica é desejável
e viável. É uma transformação
que demanda soluções diversas,
e a gestão de resíduos é uma das
mudanças de paradigmas mais
necessárias”, explicou Luiz Ernesto
Guerreiro, diretor de Qualidade de
Vida da Federação.