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CARTA DA INDÚSTRIA
www.firjan.com.brRiscos econômicos, falta de pessoal qualificado e custos
elevados são os principais obstáculos enfrentados pelos
empreendedores que investem em produtos ou processos
inovadores. José Carlos Pinto, diretor executivo do Parque
Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), analisa o panorama fluminense da inovação e sugere
propostas para otimizar as potencialidades do estado.
Foto: Fabiano Veneza
CI – Qual o cenário de inovação do
país, apresentado na Pesquisa de Ino-
vação (Pintec)?
José Carlos Pinto:
A última edição da
Pintec permite fazer uma avaliação do
panorama de investimentos e tendên-
cias da área de inovação no Brasil. No
Parque Tecnológico, recebemos a pes-
quisa com preocupação, pois os dados
retratam um cenário de estagnação dos
investimentos na área de inovação. Ve-
rificamos que o Brasil, no geral, inves-
te pouco em pesquisa e inovação. Isso,
por si só, já acende uma luz vermelha
no horizonte de quem trabalha para de-
senvolver essa área no país. Outra infor-
mação que nos traz inquietação é que
a Pintec mostra um afastamento das
instituições de pesquisa das áreas de
inovação das empresas privadas. Isso é
uma característica do Brasil: a pesquisa
em nosso país é feita majoritariamente
por instituições públicas, universidades
federais e institutos ligados ao Ministé-
rio da Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicações (MCTIC). Quando fala-
mos em inovação, nos referimos à pos-
sibilidade de aprimoramento no mer-
cado, transformar o conhecimento em
produtos e processos e disponibilizá-los
para a população. Essa dissociação mos-
tra uma dificuldade muito grande de
transferir a inteligência gerada nas insti-
tuições de pesquisa para o mercado. No
fundo, significa que a sociedade brasi-
leira não consegue ser beneficiada pelo
conhecimento gerado pelas instituições
de pesquisa. No estado do Rio, em par-
ticular, existe outro fator preocupante: a
inovação é extremamente dependente
da Petrobras. Quando excluímos os in-
vestimentos relacionados à Petrobras,
vemos que o Rio está muito abaixo em
comparação a outros estados brasilei-
ros. Isso significa que existe um traba-
lho imenso a ser feito, com urgência, no
Rio de Janeiro. É preciso acender o sinal
vermelho para chamar atenção para um
trabalho de base que necessita ser prio-
rizado a fim de incentivar a inovação. Se-
gundo a Pintec, o Rio está atrás de esta-
dos como Santa Catarina, Minas Gerais,
Paraná e Pará.
CI – Quais são as propostas de me-
lhorias que podem ser formuladas no
Sistema Regional de Inovação do Rio
de Janeiro a partir desse panorama?
José Carlos Pinto:
Acredito em duas
propostas. A primeira é fortalecer a Fun-
dação de Amparo à Pesquisa do Estado
do Rio de Janeiro (Faperj). Muitas empre-
sas optam por se instalar em São Paulo
por acreditaremque o apoio da fundação