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PÁG. 6

25 DE JULHO A 7 DE AGOSTO DE 2016 | CARTA DA INDÚSTRIA

COM PIOR SITUAÇÃO FISCAL DOS ÚLTIMOS 10 ANOS, MUNICÍPIOS

BRASILEIROS DEIXARAM DE INVESTIR R$ 11,4 BILHÕES EM 2015

Os municípios brasileiros enfrentam

a pior situação fiscal dos últimos

10 anos, com 87% em condição

difícil ou crítica, segundo o Índice

FIRJAN de Gestão Fiscal (IFGF). O

problema das finanças municipais é

estrutural e semelhante ao verificado

nas outras esferas da administração

pública. Além dos elevados gastos

obrigatórios com pagamento de

pessoal, que em momentos de

queda de receita se traduz em

endividamento, há ainda a crônica

dependência de transferências da

União e dos estados.

Em 2015, a retração econômica

teve como consequência a redução

dessas receitas. Ao mesmo tempo,

o orçamento das prefeituras

nunca esteve tão comprometido

com despesas relacionadas ao

funcionalismo. Como resultado,

R$ 11,4 bilhões deixaram de ser

investidos pelos municípios.

“É um cenário que afeta as empresas

em termos de infraestrutura,

necessária para seu desenvolvimento,

e da mão de obra que utilizam. Isso

significa ruas esburacadas e escolas

e hospitais em condições ruins,

por exemplo”, explicou Guilherme

Mercês, gerente de Estudos

Econômicos do Sistema FIRJAN.

Uma análise do IFGF Gastos

com Pessoal aponta que esse

tipo de despesa já ultrapassa o

limite estabelecido pela Lei de

Responsabilidade Fiscal (LRF), de

60% do orçamento, em mais de

740 municípios. Se esse padrão for

mantido, mais de mil cidades terão

rompido o teto imposto pela LRF

nos próximos cinco anos. Segundo

Mercês, a dificuldade das prefeituras

em administrar o orçamento público

tem impactos diretos sobre o

setor privado. Ele destaca que os

municípios administram cerca de

um quarto dos tributos do país,

orçamento que equivale ao das

economias do Chile e da Argentina

somadas: “O Brasil só terá uma

carga tributária menor quando os

governos forem mais eficientes na

gestão de suas finanças. As cidades

também são responsáveis pelo

ambiente de negócios, pois é onde

as empresas estão inseridas”.

Outro problema identificado é o

aumento do número de prefeituras

recorrendo aos restos a pagar

como artifício para postergar

gastos para o ano seguinte. Mais

da metade terminou 2015 com o

caixa comprometido com despesas

do ano anterior, aponta o IFGF. De

acordo com Mercês, essa prática

afeta as empresas fornecedoras das

prefeituras, que sofrem com atrasos

no recebimento pelos serviços

prestados, além de contribuir para

que mais cidades fechem o ano com

o orçamento no vermelho.

Apesar da grave situação fiscal

dos municípios, a dívida não é um

problema para a maioria deles.

Grande parte não tem acesso

a crédito, o que faz com que o

endividamento seja uma realidade

para poucas cidades, especificamente

as maiores. “É uma situação diferente

da dos estados. A maior dívida é com

fornecedores, e não com o governo

federal”, explicou o gerente de

Estudos Econômicos da FIRJAN.

MAIORES E MENORES

Na outra ponta, o IFGF indica que

apenas 12,6% dos municípios têm

situação fiscal boa ou excelente. É

a menor porcentagem desde que

o índice foi criado, em 2006. Essas

cidades se destacaram por terem

disciplina financeira, menos gastos

com pagamento de pessoal e maior

planejamento das contas públicas,

o que aumentou sua capacidade de

investimento. Os resultados refletem

as desigualdades econômicas e

sociais do país, revelando um abismo

C

MATÉRIA

DE CAPA

0,7908

Rio de Janeiro, RJ

0,7750

Rio Branco, AC

0,7659

Salvador, BA

0,7507

Boa Vista, RR

0,7318

Fortaleza, CE

0,7207

São Paulo, SP

0,6863

Cuiabá, MT

0,6820

Vitória, ES

0,6580

Aracaju, SE

0,6498

Porto Velho, RO

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Capitais: 10

maiores IFGFs