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5 A 18 DE SETEMBRO DE 2016 | CARTA DA INDÚSTRIA

O Brasil precisa priorizar os projetos

de infraestrutura estratégicos a fim

de superar o paradoxo do aumento

da demanda associado a uma

queda na oferta em todas as áreas

do setor. Segundo Paulo Resende,

coordenador do Núcleo de Logística,

Supply Chain e Infraestrutura da

Fundação Dom Cabral, o país

chegou a ter 4.200 projetos no

Programa de Aceleração do

Crescimento (PAC), dependentes do

orçamento do governo federal, sem

planejamento integrado e sem uma

ligação efetiva com a demanda.

O ideal, afirma ele, são projetos

com a capacidade de responder

à demanda garantida já existente e

ainda a de criar demanda, gerando

um círculo virtuoso. “O único

caminho será pelos investimentos

privados. O governo central

quebrou e não terá condições de

prover infraestrutura”, assegura,

ao defender a concessão à

iniciativa privada de rodovias,

ferrovias, portos e aeroportos.

Para viabilizar os investimentos

privados, Resende enumera questões

pendentes ligadas à regulação,

licenças ambientais, segurança

jurídica, burocracia e governança.

“A demanda está garantida e em

crescimento, porém o país precisa

de estabilidade nas regras para atrair

os investidores”, avalia.

PIOR PERFOMANCE

De acordo com Resende, o

Brasil tem a pior performance de

infraestrutura entre os BRICS. Na

área de transportes, a evolução do

investimento caiu de 2,03% do PIB,

em 1970, para 0,63 na década

de 90 e 0,71% de 2000 a 2010,

um patamar incompatível com o

crescimento econômico.

O modelo de concessões está

em estudo pelo governo Michel

Temer. Na gestão anterior, o

governo estimava a necessidade

de investimentos da ordem de

R$ 198,4 bilhões em rodovias,

ferrovias, portos e aeroportos,

dos quais R$ 69,2 bilhões seriam

aplicados até 2018, já prevendo

uma série de privatizações.

O tema infraestrutura faz parte

da agenda para o crescimento

da indústria, que está em debate

nas reuniões do Conselho

INFRAESTRUTURA: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO É

CAMINHO PARA VIABILIZAR INVESTIMENTOS EM PROJETOS

INVESTIMENTOS EM INFRAESTRUTURA NO MUNDO

(% do pib, média de 1992 a 2011)

0 1 2 2 4 5 6 7 8 9

5,0

4,7

3,9

3,6

2,6

2,6

8,5

1,8

2,1

3,3

Água

Energia

Aeroportos

Portos

Ferrovias

Rodovias

Telecom

China

Japão

Índia

Outros

industrializados

Leste Europeu

União Europeia

EUA

América Latina

Brasil

Oriente Médio

e África

Empresarial de Economia do

Sistema FIRJAN, com foco na

melhoria da competitividade.

“Temos esperança de que o

governo tome consciência e

faça as modificações necessárias

para modernizar o setor de

infraestrutura no Brasil”, reitera

José de Freitas Mascarenhas,

presidente do Conselho, que

critica a descontinuidade e a falta

de racionalidade na implantação

dos projetos no Brasil. O debate

aconteceu em 24 de agosto, na

sede da Federação.

Fonte: Fundação Dom Cabral

G

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