PÁG. 4
5 A 18 DE SETEMBRO DE 2016 | CARTA DA INDÚSTRIA
CUSTO DOS DESLOCAMENTOS NO ESTADO DO RIO
JÁ ULTRAPASSA R$ 30 BILHÕES E IMPACTA PRODUTIVIDADE
No período 2011-2013, aumentou
o tempo médio de deslocamento
casa–trabalho–casa nas 10 regiões
fluminenses e também a quantidade
de trabalhadores que gastam mais
de 30 minutos nesse percurso.
O tempo médio já alcança 2h18min.
As maiores elevações – tanto de
tempo como de pessoas impactadas
– ocorreram na Baixada Fluminense
– Áreas I e II, porém o problema
atinge a todo o estado do Rio.
As condições inadequadas de
mobilidade urbana têm forte
impacto negativo sobre a economia
e a sociedade, com elevada perda de
produtividade. O custo da produção
sacrificada (o que deixa de ser
produzido na economia devido ao
tempo perdido nesses percursos)
atingiu R$ 30,3 bilhões ou 4,8% do
PIB estadual de 2013 (último ano
com informações disponíveis
para os municípios). A análise
da situação evidencia que
não há municípios imunes
aos problemas de mobilidade
urbana, uma vez que boa parte
dos deslocamentos ocorre nos
mesmos horários e sentidos,
saturando os sistemas viários.
“Os resultados evidenciam
que os municípios mais
impactados não são as
principais cidades das regiões
fluminenses, e sim aquelas
situadas em seu entorno, que
possuem menor dinâmica
econômica e oferta de
empregos. Nestas, grande
parte dos trabalhadores
precisa se deslocar para
outro município, percorrendo
grandes distâncias”, avalia
Leonardo Ribeiro, assistente de
Estudos de Infraestrutura do
Sistema FIRJAN.
REORDENAMENTO TERRITORIAL
O principal fator gerador dessa
dinâmica é a concentração
espacial da oferta de funções
urbanas: empregos, saúde,
educação, lazer e serviços em geral,
enquanto as áreas residenciais são
cada vez mais deslocadas para as
periferias. Portanto, a solução do
problema de mobilidade passa
por políticas de reordenamento
territorial. Embora importante, não
basta investir em infraestrutura.
A interdependência dos municípios
é notória também no interior do
estado, conforme comentam os
presidentes das Representações
Regionais FIRJAN/CIRJ. Fernando
Coutinho, à frente da Regional Norte
Fluminense, diz que o próximo
estudo detectará mais aumento
no tempo de deslocamento dos
trabalhadores locais. Um impacto
recente é o Porto do Açu, em
São João da Barra, onde a maior
parte dos trabalhadores mora em
outros municípios.
“Aqui já existia um forte movimento
pendular. Às vezes as pessoas levam
mais tempo do que na Região
Metropolitana do Rio, porque vão de
uma cidade a outra, percorrendo
100 km por dia”, afirma ele, que
defende um planejamento urbano-
regional para tornar o dia a dia da
população mais racional.
Edvaldo de Carvalho, presidente
da Regional Sul Fluminense, onde
há uma base industrial diversificada,
defende a implantação de um
transporte de massa integrado de
alta capacidade para beneficiar a
população e as empresas. “Estamos
mobilizando as autoridades
municipais e estaduais para
que essa seja uma das
prioridades de investimento,
que poderá impulsionar
a competitividade com a
redução de custos e do
tempo de deslocamento”,
avalia Carvalho.
No Leste Fluminense, a
situação se repete. “Vejo um
quadro caótico, que piora ao
longo dos anos por falta de
um planejamento regional
que integre os vários modais
de transporte. Vemos alguma
coisa feita no Rio em função
dos Jogos Olímpicos, mas
fora isso não há nada. A
FIRJAN tem colaborado
no sentido de mostrar à
sociedade esse custo”,
diz Luiz Césio Caetano,
presidente da Representação
Regional Leste Fluminense.
A solução para o problema de mobilidade urbana
depende de políticas de reordenamento territorial
Fabiano Veneza
E
ESPECIAL