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31 DE OUTUBRO A 13 DE NOVEMBRO DE 2016 | CARTA DA INDÚSTRIA
E
ENTREVISTA
CARTA DA INDÚSTRIA –
Quais
são os desafios prioritários para o
setor de energia elétrica?
LUIZ BARROSO –
O primeiro
ponto é resgatar a credibilidade
do setor, o ambiente de confiança
no investimento e reduzir o
intervencionismo. Também
entendemos como importante
pensar numa agenda mais
coletiva, com uma visão de longo
prazo e responsabilidades bem
definidas. O setor elétrico vem
de uma completa fragmentação.
Queremos que haja um ambiente
mais dinâmico e moderno, em
que o papel das instituições seja
bem definido, permitindo uma
alta capacidade de inserção de
novas tecnologias.
CI –
Em que princípios a
atuação da EPE se baseará nos
próximos anos?
LB –
Estamos trabalhando em um
conjunto de princípios associados
à eficiência econômica,
transparência, comunicação
e conformidade, que é o
acompanhamento das regras.
Além disso, nos baseamos em
valores como a meritocracia e o
Estado como um facilitador do
ambiente de negócios em vez de
vender facilidades.
CI –
Como vê o papel das
fontes renováveis na matriz
elétrica brasileira?
LB –
O Brasil tem um potencial
enorme e uma posição
privilegiada na participação
de energias renováveis, com
disponibilidade dos recursos
eólicos, solares, biomassa e
pequenas centrais hidrelétricas.
Além disso, o reservatório das
hidrelétricas funciona como
grandes baterias, e permite a
integração dessas tecnologias
no sistema a um custo bastante
interessante, de uma forma muito
eficaz. A vocação renovável no
Brasil é definida pelo fato de a
matriz elétrica brasileira já ser
74% desse tipo de fonte. A
diferença é que nossas renováveis
hoje não são verdes, são azuis.
Isto é, elas são formadas pelo
conjunto de hidrelétricas. São
elas que permitem a inserção das
energias renováveis conhecidas
DIivulgação/EPE
Vinculada ao Ministério de Minas e
Energia (MME), a Empresa de Pesquisa
Energética (EPE) tem um papel importante
no planejamento das políticas de energia
elétrica do país. Em entrevista à Carta da
Indústria,
Luiz Barroso
, presidente da EPE
desde julho, fala sobre as perspectivas
para a maior competitividade do setor nos
próximos anos e os desafios prioritários a
serem superados. Ele participou da reunião
do Conselho Empresarial de Energia
Elétrica do Sistema FIRJAN, em outubro.
PLANEJAMENTO PARA O
SETOR DE ENERGIA ELÉTRICA
como não convencionais de uma
forma mais suave. O portfólio
do Brasil pode ser muito positivo
nesse sentido.
CI –
Quais as perspectivas para
maior modicidade tarifária e
segurança na energia elétrica
fornecida ao setor industrial?
LB –
Vamos buscar, dentro do
governo, a tarifa mais barata
possível para toda a classe
consumidora, inclusive a
indústria, de forma que o setor
pode se beneficiar do nosso
plano de eficiência econômica.
É nossa intenção que haja uma
redução forte de subsídios, e
reorganização da carga tributária.
Isso para que a indústria pague
efetivamente uma
commodity
, e
não uma série de componentes
adicionais que são custos
imputados ao setor elétrico ou à
classe industrial e que estão fora
de direcionamento. Queremos,
com isso, que a própria indústria
se beneficie do processo da
competição que ocorreria no
mercado, na busca por um preço
que seja o mais barato possível.