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17 A 30 DE ABRIL DE 2017 | CARTA DA INDÚSTRIA

E

ENTREVISTA

CARTA DA INDÚSTRIA –

Quais são os principais

problemas da crise que o estado do Rio enfrenta?

GUSTAVO BARBOSA –

Há dois lados principais.

Primeiro a queda abrupta da receita. O estado sofreu,

como todo o país, com queda de arrecadação em razão

da crise econômica. Tivemos dois anos de recessão,

em grau nunca visto anteriormente, e agravada pela

questão da Petrobras, que é uma empresa que induz

toda uma cadeia de óleo e gás. E, por último, o estado

do Rio é o maior recebedor de royalties e participações

especiais. Com a queda no preço do barril de petróleo,

essas receitas também caíram drasticamente. A segunda

vertente são as despesas. Há um engessamento muito

forte no orçamento da despesa pública. Temos pouca

capacidade de gerenciá-la. Então se temos receita

que flutua e, nesse caso, negativamente, uma despesa

engessada que não se altera, o resultado é uma

dificuldade grave.

CI –

Quais são as perspectivas para uma melhora da

situação fiscal do estado?

GB –

A primeira coisa que entendo como fundamental

é buscar a aprovação da lei de recuperação fiscal que

está sendo discutida no Congresso Nacional. Como

secretário de Fazenda, não entendo outra forma de

sairmos dessa situação, pelo menos no curto prazo. A

lei acelera um processo de retomada da normalidade

econômica. Em relação à economia fluminense,

começamos a identificar alguma recuperação mínima

para o fim deste ano, a partir do quarto trimestre.

Achamos que o fundo do poço já foi atingido, e isso

é importante ser ressaltado. Para 2018 esperamos um

Vinícius Magalhães

A superação da crise fiscal enfrentada

pelo estado do Rio é um dos desafios

para a retomada da economia fluminense.

Em entrevista à Carta da Indústria,

Gustavo Barbosa

, secretário estadual

de Fazenda, explica as perspectivas de

melhora nos indicadores fiscais e ressalta

a importância dos incentivos fiscais para

atrair investimentos e tornar o estado mais

competitivo. Ele participou de reunião do

Conselho FIRJAN/CIRJ, realizada em março.

PANORAMA FISCAL

DO ESTADO DO RIO

movimento mais claro de retomada da economia. Mas

a grande volta à normalidade depende do plano de

recuperação fiscal.

CI –

Quais são as premissas desse projeto de

recuperação fiscal?

GB –

A premissa mais forte é o não pagamento da

dívida do estado do Rio com a União por três anos.

Isso resulta num alívio fiscal de aproximadamente

R$ 25 bilhões durante esse período. Está prevista

também a capacidade de o governo fluminense tomar

crédito em função da alienação da Cedae. Não que o

crédito de R$ 3,5 bilhões vá valer por toda a Cedae, mas

é parte do que arrecadaremos. E, claro, tem a questão

dos ajustes, com aumento da alíquota de contribuição

previdenciária, redução das despesas do estado e

imposição de um teto de gastos nos próximos 10 anos.

CI –

Como avalia a importância que os incentivos

fiscais tiveram para atrair investimentos para o estado

do Rio nos últimos anos?

GB –

É nítido que o estado do Rio, antes de

entrar nesse jogo de incentivos, estava aquém das

possibilidades. Os incentivos fiscais conseguiram captar

empresas que deram outra dinâmica à economia

fluminense. Há hoje uma discussão muito forte em

relação a isso. Se houver erros, vamos corrigi-los,

mas tenho certeza que a grande maioria das ações

nesse caminho de incentivos foi acertada. Tanto que,

no estado do Rio, a economia deu uma alavancada

bastante forte nos últimos anos. Isso mostra o sucesso

da política de incentivos.