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PÁG. 6

17 A 30 DE ABRIL DE 2017 | CARTA DA INDÚSTRIA

DÉFICIT PREVIDENCIÁRIO GEROU AUMENTO DE DESPESAS COM

PESSOAL DOS ESTADOS E CONTRIBUIU PARA REDUZIR INVESTIMENTOS

O comprometimento das finanças

públicas com gastos de pessoal,

associado à queda na receita,

está na origem dos problemas

fiscais dos estados brasileiros.

Estudo recente do Sistema FIRJAN

aponta que os estados destinam,

em média, 57,2% do orçamento a

esse tipo de despesa. A situação é

agravada especialmente em razão

do déficit previdenciário.

As previdências estaduais somaram

déficit de R$ 79,5 bilhões em

2016. Em razão disso, a FIRJAN

defende a necessidade de incluir os

servidores dos estados na Reforma

da Previdência, precondição

para a recuperação de suas

contas públicas.

O estudo aponta que, com a

rigidez orçamentária, as unidades

federativas têm utilizado cada

vez mais os restos a pagar, que

postergam pagamento de despesas

para o ano seguinte, como forma

de se financiarem. O aumento do

uso desse mecanismo já compõe

um grave problema para os estados

do Rio Grande do Sul, Rio de

Janeiro, Minas Gerais, Sergipe e

Distrito Federal, que encerraram

o ano de 2016 com mais restos a

pagar do que recursos disponíveis

em caixa.

“A diferença da dinâmica

orçamentária da União para a

dos estados e municípios é a

capacidade de endividamento, pois

estes últimos são proibidos, por

lei, de contrair empréstimos. Por

isso, os restos a pagar têm crescido

e se tornaram impeditivos para o

funcionamento de alguns estados”,

explicou Guilherme Mercês,

gerente de Estudos Econômicos

da FIRJAN.

situação financeira restrita, perdem

a indústria, o comércio e toda a

cadeia econômica, pois se reduz o

mercado consumidor local”, disse.

De acordo com ele, o quadro

fiscal é um fator importante para

determinar o grau de atratividade

de um estado para o setor

privado. “Vivemos hoje numa

competição pelas empresas, que

geram empregos e impostos. O

desequilíbrio nas contas públicas

afeta muito o movimento de

implantação de novos negócios.

Isso porque as companhias vão

buscar o estado que oferecer

condições mais favoráveis ao seu

desenvolvimento, tais como os

incentivos fiscais”, afirmou.

O levantamento revela que a dívida

das unidades federativas, por outro

lado, não é um problema para a

maioria delas. Apenas quatro – Rio

de Janeiro, Rio Grande do Sul,

Minas Gerais e São Paulo – têm sua

situação fiscal agravada com essa

variável. O estado do Rio é, entre

todos, o que possui maior dívida,

que representa 232% de sua receita.

IMPACTO NOS INVESTIMENTOS

A dinâmica de rigidez do

orçamento, que reduz a capacidade

de gerenciar recursos e tem

gerado aumento de restos a pagar,

é prejudicial ao ambiente de

negócios no país, uma vez que

contrai os investimentos. Desde

2014, houve uma redução total de

R$ 34,8 bilhões em investimentos

nos estados, impactando áreas

como infraestrutura, segurança

pública e saúde. Sergio Duarte,

vice-presidente da FIRJAN, ressalta

que esse quadro contribui para um

atraso na retomada do crescimento

do país.

C

MATÉRIA

DE CAPA

Antonio Cesar Berenguer, diretor do

Centro Industrial do Rio de Janeiro

(CIRJ), destaca que a postergação

de despesas, além de esconder o

real déficit de suas contas, impacta

também o setor privado, uma vez

que empresas são fornecedores

do poder público. “Além disso,

o problema fiscal dos estados

faz com que tenhamos outros

prejuízos. Com a redução do poder

de compra por parte de todo o

funcionalismo, que se encontra em

1

RIO GRANDE DO SUL

2

MINAS GERAIS

3

RIO DE JANEIRO

4

GOIÁS

5

SÃO PAULO

6

PERNAMBUCO

7

ACRE

8

SERGIPE

9

DISTRITO FEDERAL

10

MATO GROSSO DO SUL

Ranking: Crise Fiscal

dos Estados