PÁG. 8
1º A 14 DE MAIO DE 2017 | CARTA DA INDÚSTRIA
Eduardo Eugenio: o Brasil precisa implementar mudanças estruturais para crescer
Renata Mello
Para consolidar os primeiros sinais
de recuperação da economia,
o Brasil deve realizar mudanças
estruturais que aumentem as
garantias para a iniciativa privada.
Na avaliação de Eduardo Eugenio
Gouvêa Vieira, presidente do
Sistema FIRJAN, a criação de um
arcabouço institucional, por meio
de uma nova Constituinte,
é fundamental para que o país
volte a crescer.
“A sociedade brasileira será chamada
a enfrentar o desafio de conciliar
anseios legítimos com a crise de
representatividade política. A saída
para isso é uma nova Constituição,
pois a Carta de 88 já está superada”,
defendeu Eduardo Eugenio.
De acordo com Luiz Fux, ministro
do Supremo Tribunal Federal
(STF), a segurança jurídica é uma
das questões fundamentais para
atrair empresas e investimentos
estrangeiros para o país. “Os
empresários precisam disso para
investir com tranquilidade. Hoje
temos 70 mil processos para serem
julgados no STF. Na Suprema Corte
americana são 70. Isso é algo que
incomoda e traz insegurança para o
setor privado”, disse.
Ele ressalta que as principais
reformas em andamento no país
deverão passar pela análise do STF,
que tem sido provocado a julgar
questões políticas e econômicas
das mais diversas origens. “Em razão
da crise econômica, o Tribunal
tem sido pragmático. Por exemplo,
a Previdência está explodindo.
Portanto, é preciso minimalismo em
decisões que possam exacerbar a
conta previdenciária”, afirmou Fux.
Para a presidente do Banco Nacional
do Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES), Maria Silvia Bastos,
FIM DA RECESSÃO DEMANDA
APROVAÇÃO DE REFORMAS ESTRUTURAIS
além das reformas, a superação da
crise econômica será alcançada
com a queda na taxa de juros e
dos níveis de inflação. Segundo
ela, esses fatores permitirão um
ambiente de confiança para
empresários, consumidores e ganho
no preço de ativos.
Ela também destaca como
crucial uma agenda de médio
prazo focada em projetos de
infraestrutura, com Parcerias
Público-Privadas (PPPs): “Para
isso precisamos de regras claras e
estáveis, porque ninguém investe
em ambiente de insegurança”.
Para auxiliar no fomento à
economia, o banco terá foco no
financiamento a projetos, em vez de
setores. Serão priorizados, segundo
Maria Silvia, aqueles com alto
retorno social ou que demandem
longo tempo de maturação.
VISÃO DO SETOR PRIVADO
João Carlos de Luca, presidente do
Conselho de Administração da Barra
Energia, aponta a abertura do mercado
de petróleo e gás como um dos
indicativos positivos para o processo
de recuperação econômica. “Vemos
com otimismo as mudanças feitas pelo
governo, como o fim do operador
único e a adoção de um calendário de
leilões. Eram demandas importantes
da indústria e que trazem luz ao
horizonte”, afirmou o empresário, que
também é presidente do Comitê de
Cooperação Empresarial da Fundação
Getulio Vargas (FGV).
O tema foi debatido no seminário O
Fim da Recessão, promovido pela FGV,
em parceria com a FIRJAN e o jornal
Valor Econômico, em 24 de abril.
“A saída é uma nova
Constituição, pois
a Carta de 88 já está
superada”
Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira
Presidente do Sistema FIRJAN
G
GERAL