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ENTREVISTA

CARTA DA INDÚSTRIA –

O que se entende por um

projeto de engenharia básica no setor de petróleo e gás?

MAURO RIBEIRO VIEGAS FILHO –

É na etapa da

engenharia básica que são definidos os parâmetros

gerais do empreendimento, fundamentados na

identificação das necessidades do cliente. Nessa fase

é que se realiza o dimensionamento da unidade a ser

construída, seja uma refinaria ou um navio-plataforma.

A empresa de engenharia contratada especifica os

equipamentos principais, procurando identificar, na

cadeia de fornecedores, as condições para atendimento

aos requisitos técnicos e detalha os sistemas e processos

necessários ao empreendimento.

CI –

A engenharia brasileira atingiu um nível de

excelência na elaboração de projetos executivos,

mas o mesmo não se pode dizer da engenharia básica.

Por que esse descompasso?

MRVF –

O descompasso foi gerado pelo fato de o

principal contratante do mercado, a Petrobras, ter

optado por desenvolver primordialmente os projetos

básicos internamente, por intermédio do Centro de

Pesquisas (Cenpes). Nas poucas oportunidades ocorridas,

a Petrobras optou por contratar, preferencialmente, no

mercado de engenharia internacional.

CI –

Países desenvolvidos prezam pela valorização

da engenharia básica. O que falta para o Brasil seguir

o exemplo?

MRVF –

Basicamente, que a contratação seja

efetivamente aberta às empresas brasileiras. É fato que,

em razão do baixo volume de contratação de empresas

brasileiras de engenharia básica para o setor de petróleo

e gás nos últimos 15 anos, será necessária a ampliação

da quantidade e qualidade de profissionais para atender

a demanda que está por vir. Entretanto, não é por falta

de capacitação das empresas. Nas décadas de 1980 e

90, as empresas brasileiras desenvolveram engenharia

básica para diversos segmentos industriais, inclusive o de

petróleo e gás.

CI –

Quais são as vantagens de se fazer no Brasil a

engenharia básica de um projeto, como, por exemplo,

o de uma plataforma de petróleo?

MRVF –

A principal vantagem é o desenvolvimento

da cadeia nacional de fornecedores. A realização da

engenharia básica no Brasil estimulará sobremaneira

o conteúdo local, seja quanto à fabricação de

equipamentos seja quanto à prestação de serviços.

As empresas de engenharia de projeto brasileiras

especificarão preponderantemente equipamentos

nacionais, e nossa indústria procurará se desenvolver

continuamente para atender a demanda.

CI –

Como deveria ser promovida a engenharia básica

no Brasil?

MRVF –

Já há diversas iniciativas nesse sentido, seja

por meio do Programa de Mobilização da Indústria do

Petróleo e Gás Natural (Prominp) ou, mais recentemente,

via Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e

Biocombustíveis (ANP), com o desenvolvimento de um

programa especialmente focado no setor de exploração

e produção. As diversas associações de classe já

participam dessas iniciativas, e temos esperança de

que, em um futuro próximo, os primeiros projetos de

engenharia básica serão contratados no Brasil.

Antonio Batalha

O presidente do Conselho Diretor da

Associação Brasileira de Consultores

de Engenharia (ABCE),

Mauro Ribeiro

Viegas Filho

, explica que a contratação da

engenharia básica de projetos na área de

petróleo e gás precisa ser aberta às empresas

brasileiras. Isso levaria ao desenvolvimento

da cadeia nacional de fornecedores e

estimularia sobremaneira o conteúdo local.

HORA DE INVESTIR EM

ENGENHARIA BÁSICA

MAIO DE 2015 | CARTA DA INDÚSTRIA

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