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retrocede. “As descobertas

no Brasil são relevantes, e

deveríamos ter como uma das

prioridades o estabelecimento

de parcerias com ênfase em

tecnologia. No entanto, para

isso, necessitamos recuperar

a confiança do setor no

Brasil”, avalia.

Antonio Guimarães, do IBP,

assinala que há uma série

de oportunidades para

aumentar a atratividade do

modelo de partilha. “Na

nossa visão, um cenário

de múltiplos operadores

permitiria maior competição

e, consequentemente, um

aumento dos investimentos

e mais incentivos à inovação

em indústrias de tecnologia

de ponta”.

IMPACTO DA PETROBRAS

Raul Sanson considera que a

cadeia produtiva de petróleo e

gás vive hoje sua maior crise,

em decorrência da acentuada

queda nos preços do petróleo

no mercado internacional e do

estado de paralisia pelo qual

passa a Petrobras. “A empresa

está adiando a tomada

de decisões importantes, o que deixa toda a cadeia

produtiva sem poder planejar suas próximas ações. Esse

é o lado negativo de se ter um Operador Único”, diz o

vice-presidente da FIRJAN.

Segundo Sanson, a Petrobras reduziu drasticamente

seus investimentos. No primeiro bimestre deste ano, os

valores dos contratos recuaram cerca de 50% em relação

ao mesmo período de 2014. Além da redução dos valores

de despesa de capital (Capex) e operacional (Opex), a

Petrobras divulgou um Plano de Desinvestimento da

ordem de US$ 13,7 bilhões, que prevê a venda de ativos

nas áreas de Gás e Energia, Abastecimento e Exploração

e Produção nos anos de 2015 e 2016.

A paralisia da Petrobras, conjugada com a inadimplência

que vem aumentando no setor, está deixando sem

pagamento inúmeros fabricantes de máquinas e

equipamentos e prestadores de serviços, assinala Sanson.

Velloso acredita que esse

quadro de crise pode levar

várias empresas a fechar portas

ou entrar com pedido de

recuperação judicial. “Temos

empresas que forneceram

máquinas para os epecistas

e não receberam; empresas

com fabricação em curso

que temem não receber;

e empresas que precisam

renovar suas carteiras,

mas não conseguem fazê-lo,

pois o mercado se fechou”,

afirma o secretário executivo

da Abimaq.

De acordo com Velloso,

essa questão começou

quando a Petrobras decidiu

não mais aceitar aditivos aos

contratos: “As empreiteiras

dizem que têm dinheiro a

receber da Petrobras. Esta, por

sua vez, alega que já pagou

o que era devido. Quando os

fabricantes de máquinas vão

cobrar dos epecistas, eles

alegam que não podem pagar

porque a Petrobras não lhes

paga”, explica.

Um agravante, acrescenta

Sanson, é que, para seguir

desenvolvendo a produção de óleo e gás no pré-sal,

a opção por afretamento de navios,

supply boats

e

plataformas no mercado internacional ganha força,

em detrimento da construção no país. Nesse caso,

a Petrobras aumentaria seu volume de despesas e

reduziria os investimentos.

Caso esse cenário se concretize, adverte o empresário,

o efeito maior seria sobre a construção naval brasileira,

com a interrupção de investimentos já iniciados. “Sendo

o afretamento o caminho a seguir, a participação da

indústria nacional deve ser mantida com a garantia de

oportunidades para o contínuo desenvolvimento da

cadeia produtiva no país”, enfatiza.

Sanson considera que, para lidar com a crise, é necessário

estabelecer um pacto entre a iniciativa privada, o governo

e a Petrobras, para resgatar a confiança e “colocar a roda

para rodar de novo, mesmo que devagar”.

Guarim de Lorena

“A opção por afretamento

de navios,

supply boats

e

plataformas no mercado

internacional está

ganhando força”

Raul Sanson

Vice-presidente do Sistema FIRJAN

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MATÉRIA

DE CAPA

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MAIO DE 2015 | CARTA DA INDÚSTRIA