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demanda de bens e serviços

em bases internacionalmente

competitivas. Para tanto, o

modelo vigente de conteúdo

local deve ser aperfeiçoado,

para refletir os atuais desafios

e superar os gargalos hoje

existentes no setor”, assinala.

Por sua vez, o presidente

executivo da Associação

Brasileira da Indústria de

Máquinas e Equipamentos

(Abimaq), José Velloso,

alerta para os percentuais

de conteúdo local, em

contraponto ao cumprimento

dos compromissos assumidos

pelas operadoras. “Divulgam

que o percentual médio nos

campos de petróleo é de

65%, mas isso não representa

a prática. No setor de

máquinas e equipamentos,

o percentual não chega a

15%”, exemplifica. Segundo

Velloso, o percentual não

revela a efetiva participação da

indústria de transformação nos

empreendimentos, que fica

aquém dos valores divulgados.

Eloi Fernández ressalta que

“as empresas de petróleo preferem cumprir o conteúdo

nacional. No entanto, esse cumprimento não deve

provocar aumento de custos significativos. Além

disso, as multas podem inviabilizar financeiramente os

empreendimentos”.

Ainda em relação ao conteúdo local, Velloso afirma

que o Regime Aduaneiro Especial de Exportação e

Importação (Repetro), que permite a importação de

equipamentos sem a incidência de tributos federais,

tem um efeito nefasto sobre a competitividade da

indústria brasileira. "No setor de óleo e gás, as máquinas

importadas são menos oneradas que as nacionais.

Sendo assim, o Repetro se traduz em um instrumento

do governo federal que tende a anular todo o esforço de

conteúdo local", assinala.

Velloso defende que a Petrobras volte a contratar

fornecedores diretamente, como fazia no passado. “A

engenharia básica dos projetos deve ser desenvolvida

“A obrigatoriedade de

operador único no pré-sal

dificulta a atração de

investimentos para o país"

Eloi Fernández y Fernández

Diretor geral da Onip

Divulgação/Onip

por engenheiros brasileiros

a partir dos quais a Petrobras

licitaria as compras de

máquinas junto aos fabricantes.

As empreiteiras deixariam

de ser epecistas e voltariam

à sua vocação inicial, de

montagem industrial”, sugere.

O termo epecistas deriva da

sigla EPC: são empreiteiras e

estaleiros contratados para

fornecer às operadoras serviços

de Engenharia (E), Suprimentos

(P de Procurement) e

Construção (C).

MODELO DE PARTILHA

O diretor geral da Onip

considera que o modelo de

partilha para a produção no

pré-sal, em si, não constitui

um problema para o país.

Entretanto, a obrigação de

a Petrobras ser operadora

única com percentual mínimo

de 30% de participação nos

blocos dificulta a atração de

investimentos para o país.

"Sempre que a Petrobras

participar de leilões desse tipo,

os resultados serão idênticos

ao da licitação do campo de

Libra, com um único consórcio

participante que vence oferecendo o valor mínimo",

alerta Eloi Fernández.

De fato, o primeiro e único leilão para exploração de

petróleo no pré-sal foi o da área de Libra, em outubro

de 2013. O consórcio formado por Petrobras, Shell,

Total, CNPC e CNOOC, único a apresentar proposta,

arrematou a área com a proposta mínima prevista no

edital, que era de repassar à União 41,65% do excedente

em óleo extraído do campo.

Quando considerada a rede de fornecedores,

acrescenta Eloi Fernández, a lógica do Operador Único

somente reforça a lógica do Cliente Único, caminho

contrário à competitividade e à internacionalização dos

fornecedores.

A descoberta do pré-sal seria um impulso maior para a

competitividade no mercado interno. Quando o governo

estabelece a Petrobras como Operadora Única, ele

MAIO DE 2015 | CARTA DA INDÚSTRIA

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