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IFGF 2015 - ÍNDICE FIRJAN DE GESTÃO FISCAL - ANO BASE 2013

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O setor público brasileiro arrecada uma carga tributária equivalente a 35,9% de tudo o que o

país produz. Esse percentual é similar ao de países desenvolvidos e quase duas vezes maior

que o de algumas economias emergentes. Não obstante, há grande demanda da sociedade

por mais gastos, principalmente na área social, e por investimentos, tanto em infraestrutura,

desgastada pela falta de conservação, quanto para evitar que a precariedade da provisão de

serviços públicos essenciais venha a ser um obstáculo ao crescimento da economia brasileira.

A despeito da já elevada carga tributária e da enorme necessidade de gastos, os últimos anos

foram marcados por significativa deterioração das contas públicas. Em âmbito federal, o

desajuste de contas foi tão grande que, no ano passado, o setor público registrou o primeiro

déficit primário desde 1998. Nos estados, o quadro é semelhante, emmuitos sequer há recursos

para pagar os funcionários e fornecedores. A situação fiscal dos mais de cinco mil municípios

brasileiros, no entanto, ainda não é de amplo conhecimento da sociedade.

Do total de tributos arrecadados da sociedade brasileira, considerando as três esferas de

governo, mais de R$ 400 bilhões (25%) são destinados à gestão municipal

1

. Para se ter uma

ideia, esse volume de recursos é equivalente ao administrado por todo o setor público da

Argentina e duas vezes ao da Colômbia. Por isso, é primordial o acompanhamento da gestão

dos recursos que estão sob a responsabilidade das prefeituras, elo mais próximo do setor

público com o cidadão-contribuinte.

A Constituição de 1988 inaugurou uma nova etapa do federalismo fiscal brasileiro, apoiada

no princípio da descentralização administrativa. Nesse sentido, a concessão de competências

tributárias exclusivas e o aumento das transferências dos governos federal e estaduais para

os municípios deveriam ter como contrapartida a atuação crescente dos governos locais nas

ações sociais básicas, particularmente nas áreas de saúde e educação, e nos investimentos

tipicamente de urbanização.

Nas décadas seguintes, ainda que o crescimento das economias locais tenha permitido o au-

mento do montante arrecadado pelas prefeituras, a elevada dependência de transferências in-

tergovernamentais cristalizou-se entre os municípios brasileiros: 94% têm nas transferências

recebidas pelo menos 70% de suas receitas correntes. Assim, os municípios ficaram com pouco

1

Frente a 2006, primeiro ano da série do IFGF, os recursos sob a administração municipal cresceram 58% em termos

reais, ao passo que a arrecadação total avançou 48%.

CENÁRIO FISCAL DOS MUNICÍPIOS