Background Image
Previous Page  7 / 28 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 7 / 28 Next Page
Page Background

IFGF 2015 - ÍNDICE FIRJAN DE GESTÃO FISCAL - ANO BASE 2013

PÁG. 5

controle sobre suas receitas, contribuindo para o afrouxamento do vínculo de corresponsabili-

dade entre o cidadão-contribuinte e o poder público local, e deixando as prefeituras vulneráveis

à conjuntura econômica e política. Nem mesmo a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF, 2000),

que definiu diversos mecanismos de controle do gasto público, logrou conter esse processo.

Prova disso é que apenas 61 dos mais dos mais de cinco mil municípios brasileiros geram recei-

tas suficientes para pagar seus funcionários

2

.

Nos últimos anos, o problema se agravou, na medida em que as despesas de pessoal não

acompanharam a desaceleração das receitas decorrente da menor atividade econômica. De

fato, enquanto as receitas correntes líquidas saíram de um avanço real de +12,1% em 2011

para um crescimento de somente +0,6% em 2013, houve contínuo crescimento das despesas

com pessoal, com altas reais relevantes em 2011 (+8,3%), 2012 (7,9%) e 2013 (+6,7%). Como

consequência, em2013, mais de uma década após a promulgação da LRF, quase 800municípios

superaram o teto de 60% da receita corrente líquida (RCL) definido para as despesas com o

funcionalismo, o maior número de ocorrências desde a promulgação da lei.

Diante da combinação de despesas obrigatórias emascensão e baixa capacidade de arrecadação

local, a postergação de despesas via inscrição de restos a pagar transformou-se na principal

variável de ajuste das contas municipais, emdetrimento da contratação de dívida de longo prazo,

restrita ao financiamento dos investimentos. Em 2013, enquanto apenas 13% dos municípios

brasileiros apresentaram dívida consolidada líquida, 91% deles inscreveram restos a pagar. O

uso desta conta tem sido tão recorrente que em mais de 1,4 mil cidades não existem recursos

disponíveis em caixa para fazer frente às obrigações de curto prazo. De fato, a dificuldade da

grande maioria dos municípios é com o pagamento de despesas de curto prazo, e não com

o pagamento de juros e amortizações de dividas de longo prazo contraídas em exercícios

anteriores – este é um problema concentrados nos municípios maiores.

3

Nessa matemática nociva, sobrou pouco espaço para os investimentos, que em 2013

representaram apenas 9,0% da Receita Corrente Líquida, menor patamar desde 2006 e bem

abaixo do percentual de 14,2% observado no ano anterior. Isso significa que os investimentos

em educação, saúde e infraestrutura urbana ficaram à margem do orçamento municipal, cada

vez mais comprometido com as despesas com funcionalismo público e sensível à redução

das transferências

4

. Dessa forma, limita-se um dos principais benefícios esperados do processo

de descentralização iniciado em 1988: o aumento da qualidade dos bens e serviços públicos

oferecidos à população, fator fundamental ao desenvolvimento socioeconômico do País.

2

Em média, os gastos com pessoal são oito vezes maiores que as receitas próprias.

3

Esse ponto é explorado com mais detalhes na seção referente ao

IFGF Custo da Dívida

.

4

Nesse sentido, importante destacar a redução das Transferências de Convênios – em termos medianos, recuaram

36,4% em 2013, após crescerem 54,9% em 2012. Ainda que não sejam a principal fonte de recursos das prefeituras

brasileiras, são transferências voluntárias da União e dos Estados preponderantemente destinadas à execução de

investimentos pelos municípios e, por isso, afetam o montante destinado a esta rubrica.