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10 A 16 DE ABRIL | CARTA DA INDÚSTRIA

PÁG. 7

ele, requer novas ações por parte

do poder público. “Temos um

desafio em relação ao preço do

gás natural no horizonte próximo.

Há um problema de escala de

produção e consumo. A maior

parte da produção no Brasil é

offshore

e é muito caro trazer

o produto para o continente,

não dá para competir com o gás

internacional”, avalia.

Guedes propõe que o governo

incentive leilões de áreas em

terra, para buscar uma redução

de preço no médio ou longo

prazo. Mesmo assim, ele estima

um prazo entre sete e oito anos

para que a produção ganhe escala

e o país possa praticar preços

mais baixos. “O custo só seria

reduzido se houvesse aumento

de produção

onshore

. Além disso,

o fato de descobrir mais gás em

terra não significa preço baixo de

imediato. Seria necessário instalar

uma logística que o Brasil ainda

não tem. Os norte-americanos

têm 500 mil quilômetros de

gasodutos, o Brasil tem apenas

5 mil”, compara.

ESTRUTURA TRIBUTÁRIA

ELEVADA

Júlia Nicolau também se

preocupa com o custo do gás

natural proveniente da camada

do pré-sal, que pode ser ainda

mais elevado, e concorda com

o incentivo à produção

onshore

.

Entretanto, visando aumentar a

competitividade no curto prazo,

ela sugere ações como rever

a estrutura tributária incidente

sobre o gás, que inclui PIS/

Cofins e ICMS. A carga tributária

para a indústria varia de 34,5%,

no Amazonas, a 21,5% em oito

estados, incluindo Rio de Janeiro

e São Paulo.

Segundo ela, anos atrás, o

governo brasileiro estimulou a

indústria a migrar do óleo diesel

para o gás natural, por ser menos

poluente, entre outros fatores:

“Observamos uma movimentação

grande nessa direção, mas para

que a indústria continue utilizando

o gás natural, o governo precisa

garantir que ele chegue sem risco

de desabastecimento no futuro e

a preços competitivos. O objetivo

é que o gás não represente um

custo excessivo e seja um fator de

atração dos investimentos.”

Para Isaac Plachta, presidente do

Conselho Empresarial de Meio

Ambiente do Sistema FIRJAN, o

custo alto do gás natural no Brasil

faz com que os produtos

derivados do insumo percam

competitividade. “A iniciativa de

acompanhar e comparar os

custos para a indústria é excelente.

O preço do gás natural aqui é

três vezes maior que nos Estados

Unidos. Não há como competir.

Empresas no estado do Rio que

dependem do insumo já estão

fechando as portas”, alerta Plachta,

que também preside o Sindicato da

Indústria de Produtos Químicos Para

Fins Industriais do Estado do Rio de

Janeiro (Siquirj).

Com base em estudos que vêm

sendo realizados desde 2011, a

Federação já formulou propostas ao

poder público, visando a redução

do custo do produto. Além da

redução tributária, outra proposição

é a ampliação da oferta por meio da

entrada de novos players no setor,

em todas as etapas da cadeia do

gás natural, de modo a estimular a

concorrência.

O Sistema FIRJAN propõe

também que o governo federal

faça um planejamento claro da

expansão da oferta desse insumo,

integrando as demandas dos

setores industrial e elétrico, em

função do acionamento crescente

das usinas térmicas, muitas delas

movidas a gás natural.

O site é o primeiro e único a

apresentar, de forma clara e

consolidada, o custo do gás

natural para vários estados do país,

garantindo sua atualização constante

e a comparação internacional. A

nova ferramenta foi lançada durante

o seminário “O Setor Produtivo e

a Energia: Questões e Soluções

da Indústria em Tempo de Crise

Energética”, realizado no fim do

mês de março.

Para mais informações, visite:

www.quantocustaogasnatural.com.br

.

“O site permite

avaliações claras

sobre o custo do gás

natural, insumo que

requer novas ações

por parte do poder

público"

Armando Guedes

Presidente do Conselho de Energia

do Sistema FIRJAN

Imagem de Arquivo/Geraldo Viola