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19 A 25 DE JUNHO | CARTA DA INDÚSTRIA

PÁG. 9

“Essa mudança

transformou uma

política de incentivo

em uma política de

compulsoriedade. O

sistema, da forma em

que está, torna-se

inviável”

Alfredo Renault

Professor da PUC-Rio

C

CONSELHOS

E FÓRUNS

Para discutir a política de conteúdo

local no setor de petróleo e gás e

seu impacto na competitividade das

indústrias, o Conselho Empresarial

de Economia do Sistema FIRJAN

recebeu Alfredo Renault, professor

da Pontifícia Universidade Católica

do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Ele

defendeu ajustes no modelo, a fim

de fortalecer a cadeia produtiva

nacional do setor de petróleo e gás.

Para sustentar a afirmação de

que o conteúdo local não tem

proporcionado os resultados

esperados no fortalecimento da

indústria nacional, o especialista

citou os números da indústria

eletroeletrônica, cujo faturamento

com exportações caiu de 19,2%

em 2003 para 10,1% em 2013.

“O objetivo de gerar demandas

é consolidar processos. Essa

regra só faz sentido se fortalecer

determinados setores”, argumentou.

De acordo com Renault, quando

começou a ser implementada, a

política tinha como objetivo atrair

CONSELHO DE ECONOMIA DEBATE POLÍTICA

DE CONTEÚDO LOCAL NO SETOR DE PETRÓLEO E GÁS

investimentos para a produção

e exploração das reservas

petrolíferas nacionais e retirar

da Petrobras o monopólio sobre

o setor. Porém, nas rodadas de

leilões realizadas a partir de 2003,

foi criado um percentual mínimo

de conteúdo nacional obrigatório,

o que causou impactos imediatos

na competitividade das empresas,

sujeitas à multa de 50% do valor

Empresários participam de palestra de Alfredo Renault no Conselho de Economia

restante não contratado pelo

conteúdo local em caso de não

cumprimento da regra. “Essa

mudança transformou uma política

de incentivo em uma política de

compulsoriedade. O sistema,

da forma em que está, torna-se

inviável”, afirmou Renault.

O professor da PUC-Rio

ressaltou também a necessidade

de revisão dos termos da cláusula

de Pesquisa, Desenvolvimento e

Inovação (PD&I), que transfere 1%

da renda bruta dos principais

campos de exploração para a

inovação tecnológica. Na avaliação

dele, a iniciativa não promoveu os

avanços tecnológicos necessários

para a indústria.

Para Eloi Fernández y Fernández,

diretor-geral da Organização

Nacional da Indústria de Petróleo

(Onip), o principal desafio a ser

superado é a aplicação das

multas, que inviabilizam projetos

e investimentos. A Onip

propõe que o valor aplicado no

desenvolvimentoa cadeia produtiva

local seja abatido de uma eventual

multa recebida pelas empresas. “A

estimativa do valor das multas só

na atividade exploratória entre a

1ª e a 12ª rodada é de US$ 15

bilhões”, alertou.

“Hoje o pré-sal representa o

segmento mais importante da

indústria do país. Mas as indústrias

precisam de uma política de

conteúdo nacional que vise

fortalecer a competitividade,

pois é isso que dá sustentabilidade

ao processo”, analisou José

Mascarenhas, presidente do

Conselho. A reunião ocorreu

no dia 10 de junho, na sede

da Federação.

Antonio Batalha