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14 A 20 DE AGOSTO | CARTA DA INDÚSTRIA
CARTA DA INDÚSTRIA –
Como funciona o ISE Bovespa?
SONIA FAVARETTO –
O ISE é um índice de ações
que reúne empresas com as melhores práticas de
sustentabilidade no ano que avaliamos. Podem integrá-lo
até 40 companhias, e são convidadas as duzentas mais
líquidas do país. É um indicador que permite uma boa
fonte de referência ao investidor que deseja escolher
corporações preocupadas com as questões sustentáveis.
O ISE foi criado justamente para auxiliar nessa decisão.
Ele confere mais uma opção para os investidores,
permitindo que tenham essa referência organizada dentro
da Bolsa de Valores.
CI –
Quais são os critérios para seleção?
SF –
Primeiramente, a empresa tem que estar entre as
200 ações com maior liquidez do Brasil. Uma vez que
cumpra esse requisito, ela recebe um convite para integrar
a carteira. Depois que aceita participar, paga uma taxa de
inscrição e responde um questionário de sete dimensões,
com cerca de 200 perguntas, as quais compõem a
avaliação quantitativa. Após essa etapa, a empresa deve
enviar sete evidências, com documentos que comprovem
respostas escolhidas aleatoriamente. Então, existe
também uma análise qualitativa. Por fim, ela é comparada
com os demais participantes para que possamos
determinar se tem qualificação para participar.
CI –
Quais são as vantagens de participar do índice?
SF –
Hoje já conseguimos comprovar que as empresas
que participam se tornam as melhores escolhas para
os investidores. Sendo assim, acabam recebendo mais
recursos e investimento. Alguns estudos mostram que
o valor de mercado dessas companhias é maior do
que de outras do mesmo setor que não participam
do ISE. Tem também o aspecto da reputação de
imagem. Hoje, a sociedade cobra se uma empresa
se diz sustentável, porém não possui processos de
transparência, como o ISE. Desta forma, têm-se
impactos na imagem e também no aspecto financeiro,
pois cada vez mais se acelera o volume de recursos
investidos nessas companhias.
CI –
Quais diferenciais competitivos têm as empresas
que demonstram preocupação com a sustentabilidade?
SF –
Vivemos em um mundo em transformação. As
corporações têm que continuar obtendo lucro, pagar
seus dividendos e acionistas, mas precisam de uma visão
mais estratégica, que também considere as questões
sociais e ambientais. Se a empresa não perceber que o
mundo não é mais só financeiro, corre o risco até de não
ter condições de competir, no médio e longo prazos.
Hoje, muitas que exportam para a Europa, por exemplo,
têm que cumprir uma série de exigências ambientais.
É uma questão de competitividade. A empresa que
não perceber o mundo em mudança, e que isso
impacta o modelo de produção e comercialização de
produtos, corre o risco de deixar de operar. O mercado
internacional está mudando seus critérios.
Antonio Batalha
A incorporação de práticas sustentáveis pelas
empresas gera valores de mercado e se converte
em ganhos financeiros. Para comprovar a
ideia,
Sonia Favaretto
, diretora de Imprensa e
Sustentabilidade da BMF&Bovespa, baseia-se
no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE),
criado pela instituição para medir o desempenho
de grandes companhias sob a perspectiva da
sustentabilidade corporativa. Em entrevista à Carta
da Indústria, Sonia detalha os critérios do indicador
e discute como a sustentabilidade pode se tornar
um diferencial competitivo para as empresas. Ela
participou, em junho, de reunião do Conselho de
Responsabilidade Social do Sistema FIRJAN.
NEGÓCIOS
SUSTENTÁVEIS E COMPETITIVOS
E
ENTREVISTA