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4 A 10 DE SETEMBRO | CARTA DA INDÚSTRIA

CARTA DA INDÚSTRIA –

De que forma a lei

anticorrupção está estruturada?

PATRÍCIA AUDI –

Há cinco pilares importantes da

lei: os programas de integridade, a existência dos

cadastros (de empresas punidas e das inidôneas,

suspensas de estabelecer contratos com o governo),

o acordo de leniência, o processo administrativo

e as condições para aplicação das multas. Já

tínhamos leis que responsabilizavam os dirigentes

das empresas, servidores públicos, a administração

pública, mas faltava ainda a responsabilidade das

pessoas jurídicas. Fecha, realmente, um ciclo de

combate à corrupção.

CI –

As multas previstas podem ser bastante altas.

Programas de integridade de empresas podem ser

usados para reduzi-las?

PA –

Sim. A lei dizia que era uma faixa muito

ampla para aplicabilidade das multas. Sendo assim,

estabelecemos critérios claros e transparentes

para esse cálculo. O programa de integridade é

um fator que pode atenuar a multa em até 4% e

funciona também como condicionante para o

estabelecimento de acordos de leniência. Pode

ser um fator de competitividade, a partir do

entendimento de que diminui o risco e possibilita

maior tranquilidade de investimento.

CI –

No entendimento da CGU, quais são os pontos

imprescindíveis de um programa de integridade?

PA –

Canais de comunicação e treinamento e um

código de conduta ética claro. Torna-se estratégica a

atuação imediata da empresa a partir da detecção de

algum ato ilícito, e um setor de

compliance

que seja

independente. É possível que as pequenas e médias

empresas criem seu próprio programa de integridade

de uma maneira muito simples, adequada ao seu

tamanho e às suas possibilidades.

CI –

Qual a função do cadastro Pró-Ética neste cenário?

PA –

O Pró-Ética é uma iniciativa que promove o

reconhecimento público de empresas comprometidas

com a prevenção e o combate à corrupção. O objetivo

é estimular um ambiente corporativo mais íntegro, ético

e transparente. Após passar por uma reestruturação em

2014, o Pró-Ética volta em novo formato, adaptado às

mudanças ocorridas no cenário empresarial brasileiro.

O cadastro estimula as boas práticas dos programas de

integridade. As empresas concorrem a uma certificação

e mesmo as que não conseguirem recebem um relatório

de avaliação do seu programa, a partir da determinação

da lei.

CI –

Poderia falar sobre a importância de

regulamentação em estados e municípios?

PA –

A lei é de aplicação nacional, então, é importante

que os estados e municípios criem suas leis ou

regulamentem a lei federal, para que se cause menos

insegurança jurídica e se estabeleça um ambiente

adequado de investimentos em todo o território brasileiro.

Antonio Batalha

A Lei Anticorrupção entrou em vigor no

país em 2013 para regulamentar a relação

entre a iniciativa pública e o setor privado.

A secretária de Transparência e Prevenção

da Corrupção da Controladoria-Geral da

União (CGU),

Patrícia Audi

, participou de

debate sobre o tema, promovido em julho

pelo Conselho de Responsabilidade Social

do Sistema FIRJAN. Em entrevista à Carta

da Indústria, ela detalha o funcionamento

de mecanismos de combate à corrupção

no Brasil.

MECANISMOS DE

COMBATE À CORRUPÇÃO

E

ENTREVISTA