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PÁG. 8

5 A 18 DE JUNHO | CARTA DA INDÚSTRIA

“A reforma fiscal

continua um assunto

quente nos Estados

Unidos. Temos uma

administração pública

e um Legislativo

preocupados”

Johan Lubbe

Co-chair do escritório de advocacia

Litler Mendelson

C

MATÉRIA

DE CAPA

Os sistemas tributários dos Estados

Unidos, África do Sul e Chile – países

que conseguiram simplificar sua

política fiscal – e do Brasil foram

tema do evento promovido pelo

Sistema FIRJAN, em comemoração

ao Dia da Indústria. Cerca de

400 empresários fluminenses

participaram do seminário “Sistema

tributário: entraves e avanços

necessários”, que reuniu especialistas

estrangeiros e brasileiros.

Na abertura, Eduardo Eugenio

Gouvêa Vieira, presidente da

Federação, lembrou que a

simplificação do sistema tributário

nacional é uma bandeira da

instituição há 90 anos. “A FIRJAN

tem se dedicado a estudar e a

propor saídas para questões que

mais travam a competitividade

do nosso país. Os tributos

consomem hoje 45,5% do PIB

industrial, o que obviamente nos

deixa em desvantagem no mercado

global”, declarou.

EXPERIÊNCIAS ESTRANGEIRAS

Johan Lubbe,

co-chair

do escritório

de advocacia Litler Mendelson, de

Nova York, apresentou a experiência

dos Estados Unidos, cujo sistema

tributário, além de simples,

evita a dupla tributação para as

corporações. A taxação do governo

federal recai sobre o lucro, a uma

taxa de 15% a 35%, mas o governo

Obama manifestou a intenção de

reduzir esse teto para 28% ou 25%. “A

reforma fiscal continua um assunto

quente nos Estados Unidos. Temos

uma administração pública e um

Legislativo preocupados”, citou.

A carga tributária do país está em

24,8% do PIB, enquanto a do Brasil

atinge 36%.

Na África do Sul, cuja carga tributária

está em 25,8% do PIB, o advogado

Michael Honiball, da Werksmans

SISTEMAS TRIBUTÁRIOS DO BRASIL,

EUA, ÁFRICA DO SUL E CHILE EM PAUTA

Attorneys, informou que a taxação

sobre as empresas vem caindo

gradualmente nos últimos seis anos,

e que as penalidades para quem

sonega são bastante agressivas.

Jorge Espinosa, da E&C Advogados,

contou que o Chile, por sua vez,

definiu uma reforma fiscal que

entrará em vigor a partir de 2017,

aumentando um pouco a carga

tributária, atualmente em 29%, para

mais de 30%. Para as empresas, o

imposto está na casa dos 22,5%.

Michael Honiball apresentou a experiência da África do Sul no seminário

Guarim de Lorena

Já o debate sobre o sistema

tributário nacional contou com

a participação do presidente do

Conselho Consultivo do Grupo

Gerdau, Jorge Gerdau; do consultor

tributário José Teófilo Oliveira; do

consultor econômico Bernard Appy; e

do professor titular de Direito Tributário

da USP, Humberto Ávila.

Segundo Ávila, governos federal e

estaduais não têm interesse real na

reforma tributária. Já para Oliveira, a

única chance de o Brasil passar a ter

um Imposto sobre Valor Agregado

(IVA) é o governo federal chamar para

si essa responsabilidade, o que, de

início, pode ser feito com a fusão do

IPI, PIS e Cofins.

Para Gerdau, uma das mudanças mais

importantes seria ter cumulatividade

zero, ao passo que, de acordo

com Appy, o principal problema

a ser solucionado é acabar com a

multiplicidade tributária. “Estamos

induzindo o país a se organizar

de forma ineficiente”, finalizou o

consultor econômico. O evento foi

realizado em 29 de maio.