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20 A 26 DE NOVEMBRO | CARTA DA INDÚSTRIA
“Melhorar a
infraestrutura
pode aumentar e
democratizar os
ganhos de comércio
da economia brasileira”
Maurício Mesquita
Economista-chefe do Departamento
de Comério e Integração do BID
C
CONSELHOS
E FÓRUNS
Antonio Batalha
REFLEXODOS CUSTOS LOGÍSTICOS NOCOMÉRCIO EXTERIOR
É TEMA DE REUNIÃO DO CONSELHO DE ECONOMIA
O impacto da infraestrutura
nas exportações foi tema da
reunião do Conselho Empresarial
de Economia do Sistema FIRJAN.
Maurício Mesquita, economista-
chefe do Departamento
de Comércio e Integração
do Banco Interamericano
de Desenvolvimento (BID),
apresentou um estudo realizado
pela instituição que aponta a
forte correlação entre os custos
logísticos e a capacidade
de exportar.
De acordo com Mesquita,
diferentemente do que ocorria
há algumas décadas, a tarifa não
é o principal entrave às
exportações. Esse componente
foi substituído ao longo do
tempo pelos custos com frete.
“Soluções no sentido de melhorar
os problemas de logística trariam
benefícios superiores a qualquer
acordo comercial”, defendeu.
Publicado em 2014, o
levantamento analisou as
exportações dos municípios do
Brasil, do México, da Colômbia
e do Chile no período de 2007
a 2010. O resultado apontou
que somente 19% das cidades
brasileiras realizam vendas
externas. Segundo o economista-
chefe, uma causa determinante desse cenário são
os gastos com transporte. “Quando se aumenta os
custos domésticos de transporte em 1%, se reduz
exportações agrícolas e industriais em 4%”,
disse Mesquita.
O estudo concluiu que o incremento da
participação do Brasil no comércio exterior
depende de investimentos em políticas comerciais
que envolvam a dimensão logística. O economista
alertou que o país tem bons diagnósticos sobre
o setor, mas para saírem do papel devem ser
priorizados pelos gastos
públicos. “Melhorar a
infraestrutura pode aumentar
e democratizar os ganhos
de comércio da economia
brasileira”, argumentou.
IMPACTOS
PARA A INDÚSTRIA
José Mascarenhas, presidente
do Conselho, destacou que
as conclusões da pesquisa do
BID reforçam uma realidade
já conhecida pela indústria.
“Os resultados mostram
como questões logísticas
influenciam no nosso
sistema de competitividade.
Devemos compreender
que há saídas para nossas
exportações, mas estas
dependem de investimentos
em infraestrutura”, avaliou.
Ele ressaltou a importância
de se discutir uma agenda
propositiva para aumento
da eficiência e do potencial
competitivo do setor
industrial.
Para José Otávio Carvalho,
presidente do Sindicato
Nacional da Indústria do
Cimento (Snic), o segmento
da construção civil é um
espelho da carência do país
em projetos estruturais. “De 2005 a 2014 tivemos
um crescimento de 80% nas vendas de cimento.
Mas apenas 25% foram destinados à infraestrutura, o
restante foi aplicado em edificações. Isso mostra que
fizemos muito pouco nessa área”, comentou.
O encontro também contou com uma apresentação
de Guilherme Mercês, gerente de Ambiente de
Negócios e Infraestrutura da FIRJAN, sobre as
perspectivas fiscais do país, além de um debate sobre
a conjuntura econômica. A reunião aconteceu em 10
de novembro, na sede da Federação.