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16 A 29 DE MAIO DE 2016 | CARTA DA INDÚSTRIA

A implementação de um

programa de

compliance

é uma

iniciativa imprescindível para o

fortalecimento das empresas.

Os benefícios vão desde a maior

transparência nos processos

internos, prevenindo a ocorrência

de irregularidades, até a

sustentação de uma boa

imagem no mercado, atraindo

novos investimentos.

Os resultados de uma pesquisa

realizada pela Kroll reforçam a

importância do

compliance

para

a competitividade das empresas.

Realizado entre 2015 e 2016, o

levantamento apontou que dos 768

executivos internacionais ouvidos,

72% já desistiram de investir em

determinada região pelo risco de

fraudes. “A corrupção afeta não

só a economia de um país, mas a

atratividade de suas companhias no

mercado global”, afirma Recaredo

Romero, diretor regional da Kroll

na América Latina.

De acordo com Romero, a

efetividade desses programas

depende de entender o ambiente

regulatório e as leis às quais a

empresa deve se adequar. Outro

aspecto importante é criar uma

cultura de boa governança na

organização, já que o maior

número de casos de corrupção

envolve funcionários internos.

Treinamentos, canais diretos e

anônimos de comunicação e

uma política para uso dos ativos

da empresa são algumas das

ferramentas que podem fortalecer

os princípios de

compliance

. Os

fornecedores terceirizados também

devem ser foco de atenção.

Segundo o especialista, uma

das formas de prevenir fraudes

na relação com fornecedores é

verificar seus antecedentes.

Foi com iniciativas como essas

que a ThyssenKrupp CSA conseguiu

implementar um programa de

compliance

que hoje é referência

para outras indústrias brasileiras.

A empresa, que não tem em

seu histórico nenhum contrato

rescindido por casos de corrupção,

já promoveu treinamentos sobre

o tema para mais de 1.500

funcionários. “Buscamos trazer

exemplos simples sobre o que é

certo e o que é errado. O foco

não está só nos grandes contratos,

mas nas coisas pequenas do dia a

dia”, ressalta Pedro Teixeira, diretor

jurídico da siderúrgica.

EXEMPLOS DAS LIDERANÇAS

A ex-ministra do Superior

Tribunal Federal (STF) Ellen

Gracie, presidente do Comitê de

Compliance do Sistema FIRJAN,

destaca que o maior exemplo

tem que vir das lideranças

empresariais. “É preciso que as altas

administrações marquem com

firmeza seu compromisso com

os valores éticos. A FIRJAN tem o

maior interesse em promover essa

cultura, porque as boas práticas têm

reflexo sobre a competitividade,

primordial para o progresso do

país”, argumentou.

Para Felipe Santa Cruz, presidente

da Ordem dos Advogados do Rio

de Janeiro (OAB-RJ), o debate

sobre

compliance

deve ser

prioritário para a superação da crise

que o Brasil enfrenta. “Ou criamos

um modelo para proteger nossas

empresas ou podemos sucumbir

como Nação”, defendeu.

O tema foi debatido no seminário

“Fraude, Corrupção e Compliance

– Evitando riscos no setor privado”,

realizado em maio, na sede da

Federação. O evento foi promovido

pela FIRJAN e a OAB-RJ.

PROGRAMAS DE COMPLIANCE FORTALECEM REPUTAÇÃO

DE EMPRESAS E ATRAEM INVESTIMENTOS EXTERNOS

Segundo a ex-ministra Ellen Gracie, as boas práticas corporativas são primordiais não só

para aumentar a competitividade das empresas, mas também para o progresso do Brasil

Renata Mello

G

GERAL