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PÁG. 9

16 A 29 DE MAIO DE 2016 | CARTA DA INDÚSTRIA

E

ESPECIAL

governamental deve se pautar

pela disciplina fiscal, a alocação de

recursos para áreas de prioridade

estratégica e a eficiência do seu uso.

Ele ressaltou que a recuperação das

contas públicas envolve discussões

como a reforma da Previdência.

Sergei da Cunha Lima, presidente

do Conselho Empresarial de

Assuntos Tributários da Federação,

pontua que se faz imperativa

uma discussão entre governo

e sociedade sobre a alarmante

situação fiscal brasileira: “O

grande desafio está em entender

que o controle do gasto público

é fundamental para termos

planejamento de futuro. O poder

público precisa ter essa visão”.

O tema foi debatido na palestra

“Visão Técnico-Política da Lei de

Responsabilidade Fiscal e Gestão

Pública”, promovida pela FIRJAN

em 5 de maio.

Implementada em um contexto

de desorganização fiscal dos

entes federativos, a Lei de

Responsabilidade Fiscal (LRF) é

um dos principais mecanismos

legais de controle das contas

públicas. Essa lei foi responsável por

estabelecer um planejamento fiscal

para o país e limites para gastos

com pessoal e para a dívida pública,

criando sanções institucionais,

penais e administrativas em

casos de infrações.

Entretanto, passados 16 anos

de sua criação, a LRF tem a

efetividade ameaçada pelo aumento

significativo dos gastos públicos.

De acordo com Weder de Oliveira,

ministro substituto do Tribunal de

Contas da União (TCU), a crise fiscal

do Brasil se deve, em grande parte,

às pequenas ilegalidades fiscais

cometidas frequentemente ao

longo dos últimos anos.

“A LRF se revela como o ápice da

cadeia construtiva institucional.

Mas surgiram formas de burlá-

la, que afetaram a cultura da

responsabilidade fiscal. Temos que

combater essas práticas”, afirma.

Para Carlos Mariani Bittencourt,

vice-presidente do Sistema FIRJAN,

o respeito às leis fiscais é importante

para a competitividade do país no

mercado global. “A responsabilidade

com as contas públicas é um dos

pilares da governança de empresas

privadas e do governo”, destaca.

Mariani lembrou que o Sistema

FIRJAN criou duas importantes

ferramentas de auxílio aos gestores

municipais para o controle das

contas dos governos e gestão

eficiente dos recursos públicos:

o IFGF (Índice FIRJAN de Gestão

LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL COMPLETA 16 ANOS

COM NOVOS DESAFIOS PARA EQUILÍBRIO DAS CONTAS PÚBLICAS

Fiscal) e o IFDM (Índice FIRJAN de

Desenvolvimento Municipal).

Segundo o ministro Oliveira,

o aumento da capacidade

operacional dos governos depende

de uma mudança cultural, de

maior contenção das despesas.

Ele ressalta que a realidade da

economia global impõe novos

desafios e mostra que será preciso

elevar o patamar de complexidade

de gestão das contas públicas.

“O problema do poder público

não está no dinheiro, mas

na construção de uma nova

mentalidade. É preciso pensar

em mecanismos de governança.

Quando não há iniciativas dessa

natureza, surgem as dívidas e

déficits que afastam investimentos

do país”, alerta.

DISCIPLINA E EFICIÊNCIA

Para Oliveira, o sistema de finanças

Weder de Oliveira: o sistema de finanças do governo deve se pautar pela disciplina fiscal

Renata Mello