PÁG. 6
20 DE FEVEREIRO A 5 DE MARÇO DE 2017 | CARTA DA INDÚSTRIA
Fábrica da Condor Tecnologias Não Letais, em Nova Iguaçu: crimes atrapalham
escoamento da produção para estados como São Paulo, principal comprador da empresa
Fabiano Veneza
AUMENTO DE ROUBO DE CARGAS EM RODOVIAS FLUMINENSES
AFASTA INVESTIMENTOS E ELEVA CUSTO PARA A INDÚSTRIA
Com o número de ocorrências
aumentando a cada ano, os roubos
de cargas têm gerado grandes
transtornos ao setor produtivo
fluminense. Este crime prejudica
a competitividade da indústria
ao gerar perdas de produção
e subir os custos de frete, com
consequências para toda a
sociedade ao aumentar o valor
final dos produtos. Em 2016 o
número de ocorrências no estado
do Rio atingiu o terceiro recorde
histórico consecutivo em 25
anos, chegando ao valor de
R$ 619 milhões, como revela
recente estudo do Sistema FIRJAN.
O empresário Paulo Porto
Filho, sócio do Frigorífico Irmãos
Porto e Cia, conta que os dez
assaltos a seus caminhões,
registrados no ano passado,
causaram um prejuízo superior a
R$ 200 mil. Ele também destaca
o impacto desses roubos no
faturamento mensal da empresa,
além de outros problemas: “Há
o transtorno da não entrega da
mercadoria. Só em novembro
deixei de entregar para 240 clientes
porque roubaram mais de 500
caixas de frangos resfriados”.
Segundo Porto Filho, a companhia,
localizada em Paty do Alferes
e fornecedora das regiões
Metropolitana e Serrana, já alterou
o horário de saída da frota a fim de
reduzir o índice de roubos. Ainda
assim, já registrou dois assaltos este
ano. “Nós temos o rastreamento
dos caminhões, mas os criminosos
usam o
jammer
, aparelho que
interrompe o rastreamento. Sem
dúvida, em função de todas essas
questões, o roubo de cargas é
um dos principais problemas que
enfrentamos hoje”, complementou.
Além de defender a criminalização
do uso do
jammer
fora das
especificações aprovadas pela
Anatel, a FIRJAN propõe a adoção
de medidas como o aumento
do efetivo policial e melhores
equipamentos e veículos nas áreas
de maior incidência, bem como
a recomposição dos quadros da
Polícia Rodoviária Federal (PRF), que
perdeu 36% de seu efetivo no estado
nos últimos anos, contando com
apenas 700 agentes para atender a
todo o Rio de Janeiro.
A Baixada Fluminense registrou
maior avanço no roubo de cargas
em 2016. Carlos Erane de Aguiar,
presidente da Representação
Regional FIRJAN/CIRJ na Baixada
Fluminense I, alerta que é
fundamental garantir a segurança
no entorno do Arco Metropolitano,
nas Rodovias Presidente Dutra e
Washington Luiz e na Avenida Brasil,
vias importantes para o escoamento
da produção das empresas da região.
“A Baixada depende bastante dessas
estradas. É preciso uma solução
coletiva, pois é um problema grave,
que afasta investimentos. Muitas
indústrias já fazem plano para
sair dos municípios da região por
conta desses crimes”, disse Erane
de Aguiar, que também preside o
Conselho Empresarial de Defesa e
Segurança da FIRJAN e a Condor
Tecnologias Não Letais.
De acordo com ele, os crimes
prejudicam a chegada das
mercadorias a outros estados,
reduzindo a competitividade da
indústria fluminense: “Enfrento
um problema terrível, pois envio
material para o meu principal
comprador, que é do estado de São
Paulo, e fico exposto aos crescentes
casos de roubo na Via Dutra”.
Ciente desses danos causados
ao setor produtivo, a Federação
também tem como pleito a
implantação de uma Política
C
MATÉRIA
DE CAPA