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PANORAMA NAVAL NO RIO DE JANEIRO 2016

PÁG.12

Ganhos de competitividade com a concessão das dragagens portuárias

Elaborado pelo Sistema FIRJAN

Nas últimas décadas o Brasil registrou avanço nos investimentos em portos e terminais,

especialmente devido às concessões de terminais em portos públicos e à construção

de sítios privados. Entretanto, um setor essencial para a redução dos custos e o avanço da

competitividade permanece extremamente carente: as dragagens. Os Programas Nacionais de

Dragagem I e II, de 2007 e 2012, previram R$ 2,6 bilhões em investimento em 22 projetos em

17 portos que totalizam 127,4 milhões de m³ de sedimentos (R$ 20,39/m³). Apesar dos recursos

previstos, os programas não avançaram adequadamente e os portos sofreram restrições ao

tamanho de embarcações que podem receber, resultando na redução de capacidade de

movimentação devido à reduzida infraestrutura de acesso aquaviário.

Um exemplo é o porto organizado do Rio de Janeiro, que em 2015 foi ultrapassado pelos

portos de Vitória (ES) e Aratu (BA) e deixou a lista dos 10 principais portos brasileiros. Um dos

motivos foi a baixa capacidade de recebimento de navios de maior porte devido às restrições

de calado, uma vez que a dragagem de aprofundamento prevista no Programa Nacional de

Dragagem de 2012 e licitada em 2014, só teve seu início em junho de 2016, 42 meses após

a decisão do investimento. O porto do Rio de Janeiro possui um volume insignificante de

assoreamento, mas necessita de dragagem de aprofundamento. Outro exemplo são estaleiros

e empresas que dependem do acesso marítimo para suas atividades na região de Niterói e

São Gonçalo, na Baía de Guanabara, que desde 2013 tentam conseguir junto às autoridades a

dragagem do Canal de São Lourenço. A falta de dragagens de aprofundamento e manutenção

gerou graves restrições e afetou drasticamente os negócios, amplificando a crise enfrentada

pela construção naval oriunda da redução das encomendas do mercado de óleo e gás.

A profundidade total do porto ou terminal (cais, canal de acesso, bacias de evolução e

fundeadouros) é o principal fator restritivo ao acesso de embarcações, em especial as

novas e maiores classes de navios, elevando a acessibilidade aquaviária a fator crítico no

desenvolvimento do porto, na eficiência portuária e nas estratégias comerciais. Isso porque,

cada centímetro a menos de profundidade representa aproximadamente 100 toneladas (ou

entre 6 e 8 contêineres) a menos de capacidade de carregamento dos navios.

Tomemos, por exemplo, o Porto de Itaguaí, no qual, por ano, o volume de assoreamento atinge

200 mil/m³. Em seu terminal de contêineres, segundo a Associação Brasileira dos Terminais

de Contêineres de Uso Público (ABRATEC), foram movimentados 151.822 contêineres em

2015. Como a movimentação de navios de contêineres foi de 329 atracações (do total de 762

embarcações), segundo a Agência Nacional dos Transportes Aquaviários, o aumento de um

metro (100 cm) no calado permitiria um acréscimo potencial de 600 contêineres por navio