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22 A 28 DE MAIO | CARTA DA INDÚSTRIA

PÁG. 11

CARTA DA INDÚSTRIA –

Como o senhor avalia o

ajuste fiscal proposto pelo governo?

MANSUETO ALMEIDA –

Há aspectos positivos e

negativos. A parte boa é que a proposta trouxe

medidas relevantes, como a mudança no sistema de

pensão, o abono salarial proporcional ao tempo que

o funcionário de fato trabalhou no ano anterior com

carteira de trabalho assinada. Eu diria que ele corrige

algumas distorções. Por outro lado, o instrumento

não foi o mais adequado, a medida provisória não foi

o melhor meio para promover esse tipo de discussão,

principalmente a reforma de pensão. Outro problema

é que a economia esperada não será suficiente para

entregar o ajuste fiscal que o governo prometeu de

1,2% do PIB este ano e 2% em 2016.

CI –

Quais medidas do ajuste fiscal mais impactam

na indústria?

MA –

O ajuste fiscal é, em geral, corte de gastos

ou aumento de receita sobre PIB. Infelizmente, o

governo acaba sacrificando o investimento, e alguns

impactam mais a indústria. Tem sido realizado um

corte no Ministério dos Transportes que não deveria

acontecer, pois compromete a área de infraestrutura.

Os investimentos nessa pasta já vinham caindo

nos últimos quatro anos. O que o governo pode

fazer para minimizar o impacto negativo no setor

produtivo é evitar o aumento na carga tributária.

Se o governo aumentar os impostos, será uma

agenda que prejudicará não só a indústria, mas o

crescimento do país.

ECONOMISTA DEBATE AJUSTE FISCAL

COM EMPRESÁRIOS

Para discutir o ajuste fiscal

anunciado pelo governo, o

Conselho de Economia do

Sistema FIRJAN reuniu-se com o

economista Mansueto de Almeida,

especialista em contas públicas

(veja a entrevista abaixo).

Para alcançar a meta de obter um

superávit primário de 1,2% do PIB

até o fim de 2015, o governo tem

como alternativas o aumento de

receita ou corte de despesas. Para

Mansueto, a decisão em torno do

que será priorizado é um debate

político, já que a principal economia

CI –

Considera que poderia ser adotada outra

medida alternativa ao ajuste?

MA –

Não escaparíamos de um ajuste mais profundo,

que modifique a dinâmica do gasto público no Brasil.

Somos um país jovem, mas não o seremos daqui a

20, 30 anos. A proporção de pessoas com mais de

60 anos passará a crescer muito em relação ao total

da população. Será necessário, portanto, reduzir os

gastos com previdência. Temos uma série de reformas

estruturais para fazer. As alternativas a isso em um

curto prazo são difíceis. Mas, se a economia crescer

3%, 4% ao ano, será muito mais fácil realizar esse

ajuste fiscal no futuro de forma sustentável. O país

precisa de várias agendas: ajuste fiscal, novo marco

regulatório, fortalecimento das agências reguladoras e

maior fortalecimento do mercado de capitais.

Antonio Batalha

do governo tem sido na redução

de investimentos: “O tamanho do

ajuste se assemelha ao proposto

pelo Plano Real, mas com uma

conjuntura menos favorável”.

Para José Mascarenhas, presidente

do Conselho de Economia, esse

corte impactará toda a sociedade

brasileira. “Existem várias obras de

grande magnitude que estão em

andamento e que terão reflexos

inclusive no campo social”, afirmou.

Cláudio Tângari, presidente

do Sindicato das Indústrias

Metalúrgicas, Mecânicas e de

Material Elétrico de Nova Friburgo

(Sindmetal), ressaltou a necessidade

de uma agenda propositiva para o

país: “Sem crescimento econômico

não há ajuste fiscal eficiente”.

Durante a reunião, Guilherme

Mercês, gerente de Economia e

Estatística da FIRJAN, apresentou

propostas que poderiam minimizar

o impacto do ajuste, como a

venda de ativos e aplicação de

regras para a contenção das

despesas correntes. A reunião

aconteceu no dia 13 de maio, na

sede da Federação.