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IFGF 2016 - ÍNDICE FIRJAN DE GESTÃO FISCAL - ANO-BASE 2015

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RESUMO EXECUTIVO

O problema fiscal brasileiro não é exclusivo do governo federal, muito pelo contrário. Estados e municípios

estão à beira da insolvência, tendo como agravante o fato de que centenas deles já estão descumprindo os

limites impostos pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Ou seja, além dos riscos fiscais, há riscos político-

institucionais. Nesse contexto, o Índice FIRJAN de Gestão Fiscal (IFGF) apresenta um panorama completo e

inédito da situação fiscal dos milhares de municípios brasileiros, com base em dados de 2015.

O índice é composto por cinco indicadores:

Receita Própria, Gastos com Pessoal, Investimentos, Liquidez e

Custo da Dívida

. A leitura dos resultados é bastante simples: a pontuação varia entre 0 e 1, sendo que, quanto

mais próximo de 1, melhor a situação fiscal do município no ano em observação. Outra importante carac-

terística do IFGF é que sua metodologia permite tanto comparação relativa quanto absoluta, isto é, o índice

não se restringe a uma fotografia anual, podendo ser comparado ao longo dos anos.

O IFGF utiliza-se exclusivamente de estatísticas oficiais declaradas pelos próprios municípios à Secretaria do

Tesouro Nacional (STN), de acordo com o estabelecido pela LRF. A despeito da determinação legal, até o dia

12 de julho de 2016, dados de 880 municípios não estavam disponíveis ou apresentavam inconsistências que

impediram a análise. Esse número representa 15,8% das 5.568 prefeituras brasileiras e é o maior observado

desde o início da série histórica do IFGF, em 2006. Sendo assim, o IFGF 2015 avaliou a situação fiscal de

4.688 municípios, onde vivem 180.124.602 pessoas – 89,4% da população brasileira.

A seguir, os principais resultados do IFGF:

Em 2015, a situação das contas públicas municipais piorou muito, sendo a pior em mais de dez anos.

Com efeito, o

IFGF Brasil

1

atingiu seu menor nível desde 2006, com 87,4% (4.097) dos 4.688 municí-

pios analisados em situação fiscal difícil ou crítica (conceitos C e D no IFGF). Apenas 12,1% das cidades

brasileiras (568) apresentaram boa situação fiscal (conceito B), e tão somente 23 (0,5%) apresentaram

excelente gestão fiscal (conceito A). Em resumo, 2015 foi o ano com o maior percentual de prefeituras

em situação fiscal crítica e com o menor número em situação boa e excelente.

Os dados de 2015 mostraram que a forte queda das receitas, sobretudo das receitas de transferências

estaduais e federais, não foi acompanhada pela redução dos gastos com pessoal. Com isso, as despesas

com o funcionalismo municipal passaram a consumir uma parcela ainda maior dos orçamentos, sacra-

mentando uma forte redução dos investimentos. Além disso, as prefeituras recorreram como nunca à

inscrição de restos a pagar como variável de ajuste das contas.

A análise dos indicadores do IFGF ilustra perfeitamente esse diagnóstico. O

IFGF Receita Própria

seguiu

como o indicador com menor nota (0,2531 pontos), ratificando a elevada dependência dos municípios

quanto às transferências estaduais e federais. Ao mesmo tempo, o

IFGF Gastos com Pessoal

atingiu seu

pior resultado (0,4743 pontos, ante 0,6663 em 2007),

o que significa que os municípios nunca tiveram

seus orçamentos tão comprometidos com o pagamento de despesas com o funcionalismo público. Esse

cenário refletiu-se tanto sobre o

IFGF Investimentos

(0,4278)

,

quanto sobre o

IFGF Liquidez

(0,4429). Após

atingirem elevados patamares em 2011, em 2015 recuaram ao menor nível em nove anos, confirmando

o corte de investimentos e o uso de restos a pagar como os principais instrumentos de ajuste fiscal das

1

O

IFGF Brasil

é a média aritmética simples do IFGF consolidado dos 4.688 municípios analisados nesta edição do indicador.